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Traição ou conveniência?

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A Senadora Marta Suplicy está nas Páginas Amarelas da VEJA, entrevistada pelo Pedro Dias Leite. O editor deu à matéria o título, “O PT traiu os brasileiros”, que interessa mais a revista, pela opinião que tem do governo e do PT. Mais fiel ao conteúdo seria o título: “O PT contrariou a Marta”.

Nós, brasileiros, já descobrimos faz tempo, que o PT nunca quis varrer as velhas práticas da política brasileira, como parecia ser o seu desejo, quando na oposição. Ele fez de tudo, isso sim, para chegar ao poder e ter também direito aos resultados das velhas práticas.

A Senadora Marta Suplicy deseja sair do PT, não pelas razões de ética ou de povo que alega, mas porque há um conflito incontornável entre o projeto de poder do PT e o dela. Isso está claríssimo na resposta que ela ofereceu à terceira pergunta: “Houve uma gota d`água?”:

“A escolha do Fernando Haddad para ser candidato à prefeitura de São Paulo, em 2010, foi muito difícil para mim. Mas respirei fundo e fiz campanha para ele. Sei que minha participação foi fundamental para a vitória do Haddad. Antes já tinha sido praticamente abandonada na minha eleição para o Senado. Ganhei com enorme dificuldade. O PT fez campanha muito mais forte para o candidato Netinho do que para mim. Então, comecei a pensar no que estava fazendo no PT. Em 2014, meu nome nem foi cogitado para a corrida ao governo de São Paulo, embora eu tivesse 30% das intenções de voto. Aí vem essa avalanche de corrupção. Engoli muita coisa na política. Mas, quando vi que estava em um partido que não tem mais nada a ver comigo, que não luta pelas bandeiras pelas quais me bati e ainda me tolhe as possibilidades – e eu sei que sou boa – a decisão de sair ficou fácil”.

Quem se der ao trabalho de visitar as notícias de setembro de 2012 sobre as eleições municipais no Brasil, encontrará a Senadora Marta curvada diante da vontade do ex-presidente Lula de ter Haddad candidato à Prefeitura de São Paulo.  Mas, não sem a devida compensação. Ela recebeu a cadeira de titular do Ministério da Cultura, que num ato de absoluta coerência com o pragmatismo da política, lhe foi tirada, depois de eleito o Prefeito.

Melhor entrevista e papel faria a Senadora Marta Suplicy se não tentasse mascarar o que lhe incomoda. O povo entenderia com mais facilidade, porque sabe que a política funciona desse modo.

Por fim, há um comportamento bem definido na política: ela não trabalha com o conceito de traição, mas de conveniência. Enquanto Marta foi conveniente ao PT em São Paulo, o partido e o Lula fizeram bom uso dela e da parte dela receberam, e têm recebido, o mesmo tratamento.

Por Jackson Vasconcelos

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