Falemos um pouco de política e de história, para esquecer, por algum tempo que seja, os esportes, o futebol.
Era quinta-feira, 26 de março. Entrei no elevador do prédio onde tenho a minha empresa e encontrei o Senador Agripino Maia, Presidente Nacional do Democratas. Ele, muito educado, trocou dois dedos de prosa comigo, suficientes para carregarem a notícia: o Democratas e o PTB serão um. Pensei: “que coisa estúpida!”.
A reunião Democratas e PTB impregnará a marca da primeira com os vícios da segunda, que tem a sua imagem acorrentada pra sempre com o advogado e político Roberto Jefferson e, por consequência natural, com o Mensalão.
O Democratas já é uma invenção maldita do marketing. Ele foi, até 2007, Partido da Frente Liberal – PFL, este sim, um partido com a imagem de agente pragmático do resgate do Brasil das mãos dos generais. O PFL esteve bem o suficiente para influir e decidir a eleição e reeleição do Presidente Fernando Henrique Cardoso, contraponto do Lula e do PT, que andam em desgraça.
Mas, como se fez para transformar o PFL em Democratas? O publicitário e cientista político Antônio Lavareda explica, no livro “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais”, escrito por ele como receita para vencer eleições: “(…) Avançando no processo de sua “refundação, iniciado três anos antes, o Partido da Frente Liberal (PFL) – criado na conjuntura de transição ao governo civil por uma dissidência do Partido Democrático Social (PDS) –, que sucedeu à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), mudou seu nome para Democratas, denominação escolhida com base em pesquisas que fui convidado a coordenar. Mais importante, a mudança foi acompanhada pela renovação da sua direção, entregue a uma nova geração de líderes que não eram sequer nascidos à época do golpe militar de 1964”.
Do que ele diz, só se salva a menção à pesquisa, porque no mais, a informação torce a verdade em favor do discurso. Primeiro, a ARENA se fez PDS, mas o PDS não se fez todo PFL. A parte ruim, podre, comandada pelo político Paulo Maluf, ficou. O PFL foi a redenção dos que vieram da ARENA e não quiseram seguir com os militares e com o senhor Paulo Maluf. Outra inverdade é a entrega a “uma nova geração de líderes…”. Assumiram o comando do Democratas os filhos dos políticos de muito tempo, líderes do PFL que, em 1964, já estavam na ativa, mas, em polos políticos opostos.
Por fim, houve o trabalho imenso que tiveram para evitar que o apelido “DEMO” substituísse a sigla DEM, na referência ao partido.
Pena. Hoje, se ainda por aí, com a estrutura e proposta que tinha quando mudou de nome, o PFL ocuparia melhor o papel de liderança da oposição. E, se de fato há necessidade de fusão, faria mais sentido com o PSDB.
Por Jackson Vasconcelos