Autor Jackson Vasconcelos – 10 de maio de 2025
“Jesus não é super-homem nem charlatão”, foi a manchete do portal Folha de São Paulo para noticiar a homilia da primeira missa do Papa Leão XIV. O Papa tomou como base a interrogação de Cristo aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do homem?” Eles responderam: “Uns, João, o Batista; outros Jeremias ou um dos profetas. “E vós”, indagou Jesus. Pedro saiu na frente: “Tu és o Cristo, Filho do Deus Vivo”.
Quando li a manchete da Folha de São Paulo, veio à mente a polarização no ambiente da política, onde dois grupos guerreiam um contra o outro, motivados pelo ódio. Um dos grupos tem Jair Bolsonaro como super-homem e Lula como charlatão. O outro grupo inverte os personagens e os conceitos. O ódio entre os dois grupos chancela a certeza: nenhum dos dois acredita que Jesus Cristo seja, de fato, Filho do Deus vivo. Não há ódio onde reside o amor, sentimento que Jesus Cristo definiu como sendo a essência do Evangelho. Também não há paz onde o ódio impera.
Antes da homilia houve o sermão do Papa para apresentar-se ao povo. A palavra “paz” foi citada nove vezes, qualificada quatro vezes: a paz desarmante, a paz desarmada, a paz humilde e a paz perseverante”. Porventura haverá paz armante; paz armada; paz arrogante e paz impaciente? Quantos tipos de paz haverá? No livro de João há uma palavra de Cristo sobre a paz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá…”
Diante do que disse Cristo, posso atender ao Papa Leão XIV e considerar a existência da paz armante, armada, arrogante e impaciente. Podemos estar diante da paz que o mundo dá. Uma paz garantida pelo medo das crucificações, do apedrejamento, dos cancelamentos, do ostracismo perpétuo, das guerras religiosas, das fogueiras e excomunhões…Uma paz garantida pelo silêncio imposto e pela obrigação da voz uníssona.
Eu não sei definir a paz. Posso sentí-la e posso transmiti-la. Não sinto paz quando odeio, nem posso transmiti-la se não a tenho.