O ex-presidente José Sarney recebeu as homenagens do Congresso Nacional como artífice da redemocratização do Brasil, pois alguém, nesse país de desinformados, entendeu que a democracia voltou a exatos quarenta anos, com a posse dele na Presidência da República. Que coisa! Vamos aos fatos, por pontos:
- O melhor desempenho de José Sarney na história do Brasil se deu como apoiador dos generais ditadores. Quando o barco da ditadura começou a naufragar, ele pulou fora e só aceitou participar do processo de devolução do poder aos civis tendo a honrada posição de vice-presidente.
- O presidente eleito, Tancredo Neves, não tomou posse por ter morrido e a Constituição em vigor exigia que o presidente e o vice fossem eleitos e empossados no mesmo momento. Ou seja, sem eleição do presidente não haveria eleição do vice e o mesmo se dava com a posse. Sem a posse do presidente, o vice não assumiria. Então, Sarney assumiu a presidência sem poder. Neste tempo dedicado ao golpe como tema, eis aí a representação de mais um na história do Brasil.
- O compromisso de Tancredo Neves com o povo brasileiro, na disputa no Colégio Eleitoral, foi de exercer um mandato de quatro anos para, em seguida, convocar eleições diretas. Sarney desfez o compromisso de Tancredo com o povo e conseguiu que o Congresso lhe desse cinco anos de mandato. Quem queira conhecer os argumentos usados pelo Sarney para conseguir os cinco anos, vá ao Google.
- Sarney, na posse, diante do Congresso Nacional, jurou cumprir fielmente uma Constituição, que, com o apoio dele, deixou de existir no meio do mandato.
- Redemocratização? Vários empresários foram presos por não cumprirem um tabelamento de preços imposto pelo Sarney e depois dele, Fernando Collor congelou os depósitos bancários de todos os brasileiros.
Então, essa história de 40 anos de redemocratização a contar da posse do Sarney na Presidência da República, é fake. Totalmente fake.