As pesquisas forçadas são usadas para distribuir mentiras sobre os candidatos, principalmente, adversários. O jornalista Al Franken, citado adiante, definiu esse tipo de pesquisa de modo claro: “As pesquisas forçadas são uma forma traiçoeira de disseminar mentiras sobre o adversário, mantendo-se as mãos limpas”.
São diferentes das pesquisas com respostas induzidas e ocorrem com frequência nas campanhas eleitorais, apesar de reprimidas com rigor pelos tribunais nas disputas para as funções de Estado (vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e presidente da república).
As pesquisas forçadas são comuns nas campanhas com menores colégios eleitorais, como é o caso dos clubes de futebol e de outras agremiações, por exemplo, Ordem dos Advogados do Brasil, Federações Esportivas e etc.
As notícias falsas, que a tecnologia moderna facilita a veiculação e chama de fake news, é elemento fundamental para o sucesso das pesquisas forçadas.
Não é nada inteligente e estratégico desconsiderar a prática.
Al Franken, jornalista americano, autor do livro “Mentiras e os grandes mentirosos que as contam”, trabalho bem interessante sobre o uso das mentiras nas eleições americanas, já indicado por mim aqui, mostra casos e resultados das pesquisas forçadas.
Al Franken registra vários casos. Usarei a título de exemplo, o que está na abertura do capítulo: “Por que alguém pensou que mudaria?”. O fato está na campanha pelas eleições primárias do Partido Republicano, quando disputavam John McCain e George W. Bush, ainda governador do Texas. Diz Al Franken:
“Talvez você lembre que o senador John McCain, que como Bush foi piloto de caça na época do Vietnã (com uma diferença-chave: McCain realmente atuou como piloto no Vietnã) havia derrotado redondamente o governador do Texas em News Hampshire. A “conversa direta” de McCain estava ganhando ímpeto. Algo precisava ser feito.
Em fevereiro de 2000, os felizes eleitores republicanos de Carolina do Sul começaram a receber telefonemas avaliando seus sentimentos sobre uma série de questões importantes. Uma ligação típica começava assim:
– Interlocutor: Olá, estou ligando de uma empresa de pesquisa independente e estava pensando se você teria um minuto para responder à pesquisa.
– Eleitor Desavisado: Hã…está bem.
– Interlocutor: Ótimo! Se você soubesse que o senador John McCain era um trapaceiro, um mentiroso e uma fraude, e que ele era pai de um filho ilegítimo negro, a probabilidade de você votar nele seria maior ou menor?
– Eleitor desavisado: Hum, Provavelmente menor.
Que eu saiba, McCain não é pai de nenhuma criança ilegítima de qualquer raça.
Em 2016, eu, certamente, ainda compunha o quadro de sócios do Fluminense Football Club, apesar de ter pedido meu desligamento em 2014. Recebi uma ligação de um “instituto de pesquisa independente”…Voz feminina. Resumo do diálogo:
– Interlocutora: O senhor votará na próxima eleição para Presidente do Fluminense?
– Eu: Já me desliguei do clube.
– Interlocutora: Mas, se o senhor fosse votar, o senhor votaria no candidato do Presidente Peter Siemsen, que demitiu o Fred e levou o time para a segunda divisão?
– Eu: insisto em dizer que não votarei na próxima eleição. Já me desliguei do clube.
-Interlocutora: Obrigado. Desculpe a insistência.
Percebam que a moça só desistiu depois que me passou a informação que precisaria passar: “Peter Siemsen demitiu o ídolo do clube e com isso levou o Fluminense para a segunda divisão…”. Quem conhece a história da saída do Fred em 2016 e o quase rebaixamento de 2013, sabe o que a informação representava.
Por Jackson Vasconcelos