Autor Jackson Vasconcelos – 13 de maio de 2025
O ex-presidente Michel Temer consegue representar muito bem com as mãos o “aú normal e o aú espinha”, gingas da capoeira. Enquanto ele falava, as mãos dançavam e a voz se esquivava das perguntas que faziam os jornalistas Eduardo Oinegue, Thays Freitas, Rodolfo Schneider e o cientista político Fernando Schüler. A dança durou mais de uma hora.
Michel Temer saiu da defensiva em três ocasiões: quando criticou as emendas secretas ao Orçamento da União; ao ser chamado a avaliar o governo Lula e ao ser questionado sobre o momento em que foi preso. “Preso, não. Sequestrado”, afirmou Temer com razão.
Fernando Schüler tentou comparar as manifestações contra Michel Temer no tempo das reformas da previdência e trabalhista, ocasião em que os sindicatos incendiaram prédios dos ministérios com o que houve em 8 de janeiro de 2023. Michel Temer, com jogo de cintura, respondeu: “cada um tem o seu estilo…foi gravíssimo…queriam derrubar o governo…a PM foi vagarosa…o que houve foi quase tão grave quanto o que houve em 8 de janeiro…” O quase tão grave deu a Michel Temer a justificativa para apoiar as decisões do STF com relação ao 8 de janeiro.
Sobre a Lava Jato, trazida à tona pelo Rodolfo Schneider ao citar a prisão do ex-presidente, Michel Temer declarou: “As pessoas se entusiasmam com certas posições e ao se entusiasmarem com certas posições, exageram. Mas observo que toda vez que um lado ultrapassa os limites, quando vem o retruque também há quem ultrapasse os limites.” Com habilidade, Michel Temer deu o recado: o STF hoje ultrapassa os limites, porque a Lava Jato ultrapassou.
E a vida segue, digo eu.