Jair Bolsonaro conversou com a CNN na sede do PL, em Brasília. Uma conversa com 41 minutos de duração. Quase no mesmo momento, Donald Trump discursava em Davos. A CNN transmitiu o discurso com tradução simultânea. A esquerda está cheia de interrogações, tanto sobre as propostas do Presidente dos Estados Unidos, quanto com relação ao futuro de Jair Bolsonaro. Dele obtivemos as seguintes declarações, para mim, relevantes:
- Se a eleição de 2026, para a Presidência da República não contar com ele entre os candidatos, a leitura aproximará o Brasil da Venezuela e da Nicarágua, dois países onde as melhores lideranças da oposição ficaram fora da disputa por imposição dos ditadores governantes. Não há como ler a situação de modo diferente, pois a inelegibilidade de Jair Bolsonaro está sustentada em argumentos legais frágeis.
- Jair Bolsonaro só aceita a esposa e os dois filhos, Flávio e Eduardo Bolsonaro como candidatos possíveis para substituí-lo. Os demais nomes lembrados pela entrevistadora não agradam Jair Bolsonaro.
- O compromisso dos candidatos às presidências da Câmara e do Senado com Jair Bolsonaro é a aprovação do projeto de lei de anistia.
- Ele será preso? A resposta dele faz sentido: qualquer um pode ser preso num país onde a decisão de prender e soltar deixou de ser uma resolução jurídica para ser política.
- Sobre Trump, Jair Bolsonaro identificou problemas no relacionamento dele com o Brasil, uma vez que o povo americano não olha com bons olhos quem agride os direitos humanos. A observação nasceu da pergunta da entrevistadora sobre a pressão de parlamentares brasileiros para impedir a entrada de Alexandre de Moraes nos Estados Unidos.
O fato está cada vez mais evidente: Jair Bolsonaro consegue a imagem de vítima, o que dará a ele bastante vantagem na política brasileira. Percebo que a sorte voltou a sorrir para Jair Bolsonaro. Como já comentei aqui, a ausência dele na posse do Trump deu a ele mais vantagens do que desvantagens, a ponto de ter sido melhor para ele e Michelle o fato dele não ter comparecido. Na entrevista à CNN, ele deixou isso bem claro com relação à imagem da Michelle.
Política se faz com estratégia e parece que Bolsonaro não esqueceu como usá-la.