O governador Cláudio Castro venceu a queda de braço pela presidência da Assembleia Legislativa. É mais uma vitória na coleção que ele já acumula. A série teve início quando Cláudio Castro aceitou ser candidato a Vice-Governador, para uma vitória impossível, por todos os fatores que se pode considerar ao analisar as chances de um candidato. O que levou Cláudio Castro a aceitar o convite? Aceitou e foi eleito, no mesmo momento em que, é possível, tenha sido avisado que o governador ficaria pouco tempo, mordido pela mosca azul da Presidência da República. O que deve ter passado pela cabeça do Cláudio Castro ao saber disso?
Depois tivemos a crise, que começou com o vírus e virou escândalo. Como terá sido o dia-dia do Vice-Governador Cláudio Castro naquele momento? Em seguida, o governador subiu no telhado e atirou-se de lá. Espatifou-se no chão. Cláudio Castro assumiu provisoriamente e com paciência, aguardou o desfecho do caso, estando no comando de uma estrutura literalmente dilacerada. O que será que passou pela cabeça dele? Como terão sido os dias no gabinete dele e na vida pessoal?
Por fim, entregaram-lhe o governo. Ele assumiu vulnerável, num ambiente em que sobraram acusações e boatos de prisão e condenação. Cláudio Castro era um governador frágil diante de uma Assembleia Legislativa empavonada, de sapato alto e cheia de si mesma. O que será que passou pela cabeça dele? O que deu a ele a convicção de estar certo ao filiar-se no PL e apoiar Jair Bolsonaro?
Então, começou a campanha de 2022. Cláudio Castro preparava-se para disputar a reeleição numa encruzilhada, onde o Prefeito Eduardo Paes, com a força política que ele e a Capital têm, selecionava candidatos para o governo do estado com o objetivo de derrotar o governador. Eduardo começou com o ex-presidente da OAB, Felipe Santa Cruz e quando concluiu que a escolha era a pior opção para eleger deputados federais, apertou a mão do ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves e demarcou o terreno contra Cláudio Castro ao assumir integralmente a campanha do ex-presidente Lula no estado, para somar forças tendo dois candidatos, Neves e Freixo.
Bem, Cláudio Castro venceu a eleição no primeiro turno depois de atravessar uma forte turbulência na composição da chapa e na escolha que fez para o Tribunal de Contas do Estado. Ao vencer a eleição no primeiro turno, Cláudio derrotou, no estado, de uma vez só, Lula, Eduardo Paes e o sapato alto que a ALERJ calçava. Com uma vantagem estratégica: demarcou o terreno para 2024, ano em que o adversário deliberado, Eduardo Paes, terá que disputar a reeleição com a garantia adicional de ter na vaga de vice alguém com quem ele possa deixar a prefeitura e continuar no comando.
Tudo parecia calmo e arrumado, quando veio a disputa pela Presidência da ALERJ, uma situação que parecia resolvida. Cláudio Castro venceu sem precisar disputar, pois conseguiu que o candidato que disputaria com o deputado Rodrigo Bacelar, preferência dele, renunciasse.
Em cada vitória do governador durante todo o processo que, neste momento, dá ao governo dele estabilidade, se viu a atuação plena de um exercício bem dosado da ferramenta mais magnífica para a ação política: a estratégia. Ou Cláudio Castro é um excepcional estrategista ou tem um muito bom ao lado dele.