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O FLUMINENSE E EU

Autor Jackson Vasconcelos – 18 de maio de 2025

O advogado Ademar Arrais, tricolor, me fez voltar a pensar no Fluminense com mais atenção. Pela segunda vez ele me procura para ajudá-lo a ser eleito presidente do clube. Na primeira vez, resisti. Ele foi candidato e em nome de uma composição da oposição, renunciou à candidatura. Acredita que fez mal, pois a oposição não se uniu e tomou uma surra do atual presidente, Mário Bittencourt. Resolvi aceitar o convite, em razão da enorme ajuda que Ademar Arrais deu ao Peter Siemsen, tanto na primeira eleição dele, quanto na última. Peter foi a causa da minha aproximação com o Fluminense, quando me convidou para organizar as campanhas dele de eleição e reeleição. Entre um momento e outro, estive na gestão do Fluminense. 

As vitórias do Peter Siemsen foram patrocinadas pela estratégia correta, uma área em que me julgo, até com certa vaidade, muito bom. E, sem humildade, garanto que a terceira vitória do Peter com a candidatura do Pedro Abad, ainda foi resultado das estratégias traçadas por mim. Quando Pedro Abad foi candidato e eleito eu já não estava mais no Fluminense, mas o legado funcionou. Quando saí do Fluminense, escrevi e publiquei um livro para contar a minha experiência com a gestão do clube. 

O meu contrato com Ademar está motivado pelo compromisso pessoal, por isso, ele não acompanha os valores dos contratos que tenho para a elaboração de estratégias para campanhas e gestão de mandatos. O contrato me dá o prazer de participar de um desejo legítimo do Ademar Arrais de ser presidente do Fluminense para aplicar um modelo de gestão que ele defende faz tempo. Ademar até tentou usá-lo nas gestões do Peter, mas não conseguiu, por isso se afastou. 

Peter Siemsen fez um grande trabalho e eu tive a honra de ser a pessoa que organizou os processos das decisões dele e o ambiente político para que ele pudesse trabalhar. Durante o período, as crises nas finanças foram constantes, com bloqueios judiciais nas contas e outras coisas semelhantes. Houve até a saída da UNIMED, que a despeito da competência do Celso Barros, entrou numa situação financeira bem delicada. 

Peter, contudo, conseguiu dar aos torcedores uma janela para participarem da escolha dos presidentes, ao modificar o estatuto com uma decisão da Assembléia-Geral. A sede de Laranjeiras foi toda reformada, do Salão Nobre ao Parque Aquático, passando pelas quadras de tênis, estande de tiro, bares e academias. A Ouvidoria do Clube, sob a gerência de uma profissional de excepcional talento, deu voz aos usuários do clube. Enfim, tivemos um banho de realizações positivas, premiadas quase ao final da gestão do Peter com a inauguração do Centro de Treinamento do Futebol Profissional – CT. Pedro Antonio da Silva fez o projeto acontecer. 

Quando volto, agora, a pensar no Fluminense para ajudar Ademar Arrais, vejo, lamentavelmente, cumprida a previsão que fiz na introdução do livro que escrevi, “”O Jogo dos Cartolas”. Vejam só: Uma das grandes heranças da antiguidade clássica é a mitologia grega, com suas histórias fascinantes, que se aplicam perfeitamente aos dias atuais. Uma das recorrentes e representativas da realidade humana é o mito de Sísifo. Condenado pelos deuses do Olimpo após denunciar a conduta inapropriada do próprio Zeus, Sísifo foi obrigado a passar o resto dos seus dias carregando uma enorme e pesada pedra morro acima, apenas para vê-la despencar a cada chegada e obrigá-lo a refazer o doloroso percurso…”

Espero que a oposição se una em torno do Ademar Arrais para que ele consiga organizar um time de profissionais competentes para recuperar o Fluminense. Para dar paz ao Sísifo. 

Os editores, André Figueiredo e Gabriela Javier, dois tricolores, foram fundamentais na construção do livro. Cadu e Lívia, dois profissionais de excelência, foram os idealizadores. 

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MINHAS HISTÓRIAS: “ALGO SOBRE EDUCAÇÃO”

Era sábado, o sol à pino, gente nas praias, mas eu estava ocupado com a preparação de um discurso sobre Educação solicitado por um cliente. O pedido foi: “Faça algo sobre Educação, para eu falar na tribuna na terça-feira, dia do professor.” 

Antes de iniciar, fiz as consultas de rotina aos livros e pesquisas sobre o tema. Passei batido por uma entrevista que o ex-Secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, deu à Conjuntura Econômica. Fiquei com uma frase na cabeça martelando na cabeça, incômodo que me fez retomar a leitura com mais atenção. Estávamos no tempo das UPPs |(Unidades de Polícia Pacificadora), panaceia para as dores causadas pela violência crônica. Disse Beltrame: “A UPP é uma anestesia para que se proceda a uma grande cirurgia. A UPP é uma oportunidade para que aconteça uma série de outras coisas que acontecem em outros lugares da cidade. (…) você pode ter o melhor serviço de assistência de tuberculose embaixo da Rocinha – onde temos os maiores índices da doença no Brasil – aquele hospital ali não vai resolver o problema de tuberculose. O que vai resolver é abrir a Rocinha, arejar a Rocinha, é fazer o ar correr e o sol chegar”. Adiante, no encerramento da entrevista, Beltrame afirmou: “a sociedade se afastou da polícia e a polícia se afastou da sociedade…”. 

Panaceia, filha de Asclépio, falhou, pois sua irmã, Higia, falhou antes dela e tempos depois a imprensa publicou uma informação de um dos moradores da favela: “O bandido nos ameaça de morte. O policial nos dá tapa na cara. Não há mais respeito. É a volta da lei do silêncio; do sim senhor e do não senhor. Se você reclama de qualquer coisa, acaba apanhando, levando tiro. Pode até morrer. Há cinco anos, vivíamos num paraíso: o policial passava dando bom dia, boa tarde e boa noite. Agora aponta o fuzil e te xinga. Perdeu a educação”. 

O discurso do meu cliente foi elogiadíssimo. Mas, de nada adiantou o alerta contido nele: “enquanto essa Casa insistir em oferecer soluções para as consequências da ausência da educação, no lugar de apresentar algo que dissolva a causa do desastre, a decadência na qualidade e nos efeitos do ensino permanecerá.”