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LEI PERVERTIDA

Jackson Vasconcelos18 de maio de 2025

O livro “A Lei” escrito por Frederic Bastiat deveria ser leitura obrigatória e razão de estudos nas escolas, principalmente nas universidades brasileiras e, de preferência, nas faculdades de Direito, para que todos aprendam o significado não da lei, mas da lei pervertida. Quem sabe os criadores das leis e os profissionais do Direito no Brasil – meu campo de considerações – não seriam capazes de interromper o desastre que se abateu sobre a sociedade brasileira sob a batuta do socialismo? 

A lei pervertida autoriza a espoliação legal e é ela o conceito que dá sentido ao socialismo e, por extensão, a compreensão do que é o comunismo tupiniquim. No ponto 6 do livro estão as primeiras colocações de Bastiat sobre Propriedade e Espoliação. Reproduzo-as na íntegra:  

“O homem só pode viver e desfrutar por meio de uma assimilação, de uma apropriação perpétua, isto é, por uma aplicação perpétua de suas faculdades às coisas, ou pelo trabalho. Daí vem a propriedade. 

Porém, na verdade, ele pode viver e desfrutar assimilando e apropriando o produto das faculdades de seus semelhantes…” Digo eu, eis os agentes do Estado. Bastiat segue: “Daí vem a Espoliação. 

Ora, sendo o próprio trabalho um esforço, e sendo o homem naturalmente inclinado a evitar o esforço” – os agentes preguiçosos do Estado, digo eu. Prossegue Bastiat: “segue-se, como prova a história, que onde quer que a espoliação seja menos onerosa do que o trabalho, ela prevalece sem que a religião nem a moral possam, nesse caso, impedi-la. Quando, então, a espoliação para? Quando se torna mais onerosa, mais perigosa que o trabalho…” Olhem como andam as relações entre os agentes do Estado Brasileiro e os cidadãos. É fácil verificar que para os agentes a espoliação não onerosa substitui o trabalho. 

Logo em seguida, há um texto primoroso, ilustrado com mendigos e vagabundos. Dizem eles: “Jamais compramos vinho, tabaco, sal, sem pagar imposto, e parte desse imposto é dado legislativamente em subsídios, e subvenções a homens mais ricos do que nós. Outros usam a lei para elevar artificialmente o preço do pão, da carne, do ferro, do pano. Como cada um explora a Lei em benefício próprio, nós também queremos explorá-la…” 

Temos, então, que o socialismo – esse aplicado ao Brasil desde sempre – está definido como uma espoliação legalizada – espoliação aplicada e autorizada por leis pervertidas. Como encerrar esse ciclo? Bastiat responde: “Você precisa impedir o socialista de chegar perto da confecção das Leis. Você precisa mantê-lo fora do Palácio Legislativo. Você não conseguirá (evitar a espoliação legal), ouso prever, enquanto do lado de dentro se legiferar sobre o princípio da Espoliação legalizada. É iníquo demais. É absurdo demais!

Bastiat, na linha do combate ao socialismo, nos chama a atenção para a fraternidade forçada: “Outro dia o sr. de Lamartine (poeta, ensaísta e político francês)  me escreveu: “A sua doutrina é apenas a metade do meu programa; o senhor fica na Liberdade, eu na Fraternidade”.Respondi-lhe que a segunda metade do seu programa destruirá a primeira. E, de fato, para mim é completamente impossível separar a palavra fraternidade da palavra liberdade. Para mim, é completamente impossível conceber a Fraternidade legalmente forçada, sem que a Liberdade seja legalmente destruída, e a Justiça, legalmente pisoteada.” 

É fácil entender do que se trata. Que se olhe os programas sociais (bolsa-família e outros troços semelhantes que justificam a “esmola” que os populistas entregam aos pobres para garantia de perpetuação no poder. Escreveu Bastiat: “Aqui vou contra o mais popular preconceito da nossa época. Não queremos apenas que a Lei seja justa; queremos também que ela seja filantrópica. Não nos contentamos que ela garanta a cada cidadão o exercício livre e inofensivo de suas faculdades, aplicadas a seu desenvolvimento físico, intelectual e moral; exigimos que ela estenda diretamente sobre a não o bem-estar, a educação, e a moralidade. É o lado sedutor do socialismo. Porém, repito, essas duas missões da Lei se contradizem. É preciso optar. O cidadão não pode ao mesmo tempo ser livres e não ser”. 

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O FLUMINENSE E EU

Autor Jackson Vasconcelos – 18 de maio de 2025

O advogado Ademar Arrais, tricolor, me fez voltar a pensar no Fluminense com mais atenção. Pela segunda vez ele me procura para ajudá-lo a ser eleito presidente do clube. Na primeira vez, resisti. Ele foi candidato e em nome de uma composição da oposição, renunciou à candidatura. Acredita que fez mal, pois a oposição não se uniu e tomou uma surra do atual presidente, Mário Bittencourt. Resolvi aceitar o convite, em razão da enorme ajuda que Ademar Arrais deu ao Peter Siemsen, tanto na primeira eleição dele, quanto na última. Peter foi a causa da minha aproximação com o Fluminense, quando me convidou para organizar as campanhas dele de eleição e reeleição. Entre um momento e outro, estive na gestão do Fluminense. 

As vitórias do Peter Siemsen foram patrocinadas pela estratégia correta, uma área em que me julgo, até com certa vaidade, muito bom. E, sem humildade, garanto que a terceira vitória do Peter com a candidatura do Pedro Abad, ainda foi resultado das estratégias traçadas por mim. Quando Pedro Abad foi candidato e eleito eu já não estava mais no Fluminense, mas o legado funcionou. Quando saí do Fluminense, escrevi e publiquei um livro para contar a minha experiência com a gestão do clube. 

O meu contrato com Ademar está motivado pelo compromisso pessoal, por isso, ele não acompanha os valores dos contratos que tenho para a elaboração de estratégias para campanhas e gestão de mandatos. O contrato me dá o prazer de participar de um desejo legítimo do Ademar Arrais de ser presidente do Fluminense para aplicar um modelo de gestão que ele defende faz tempo. Ademar até tentou usá-lo nas gestões do Peter, mas não conseguiu, por isso se afastou. 

Peter Siemsen fez um grande trabalho e eu tive a honra de ser a pessoa que organizou os processos das decisões dele e o ambiente político para que ele pudesse trabalhar. Durante o período, as crises nas finanças foram constantes, com bloqueios judiciais nas contas e outras coisas semelhantes. Houve até a saída da UNIMED, que a despeito da competência do Celso Barros, entrou numa situação financeira bem delicada. 

Peter, contudo, conseguiu dar aos torcedores uma janela para participarem da escolha dos presidentes, ao modificar o estatuto com uma decisão da Assembléia-Geral. A sede de Laranjeiras foi toda reformada, do Salão Nobre ao Parque Aquático, passando pelas quadras de tênis, estande de tiro, bares e academias. A Ouvidoria do Clube, sob a gerência de uma profissional de excepcional talento, deu voz aos usuários do clube. Enfim, tivemos um banho de realizações positivas, premiadas quase ao final da gestão do Peter com a inauguração do Centro de Treinamento do Futebol Profissional – CT. Pedro Antonio da Silva fez o projeto acontecer. 

Quando volto, agora, a pensar no Fluminense para ajudar Ademar Arrais, vejo, lamentavelmente, cumprida a previsão que fiz na introdução do livro que escrevi, “”O Jogo dos Cartolas”. Vejam só: Uma das grandes heranças da antiguidade clássica é a mitologia grega, com suas histórias fascinantes, que se aplicam perfeitamente aos dias atuais. Uma das recorrentes e representativas da realidade humana é o mito de Sísifo. Condenado pelos deuses do Olimpo após denunciar a conduta inapropriada do próprio Zeus, Sísifo foi obrigado a passar o resto dos seus dias carregando uma enorme e pesada pedra morro acima, apenas para vê-la despencar a cada chegada e obrigá-lo a refazer o doloroso percurso…”

Espero que a oposição se una em torno do Ademar Arrais para que ele consiga organizar um time de profissionais competentes para recuperar o Fluminense. Para dar paz ao Sísifo. 

Os editores, André Figueiredo e Gabriela Javier, dois tricolores, foram fundamentais na construção do livro. Cadu e Lívia, dois profissionais de excelência, foram os idealizadores. 

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“VOTO A VOTO”

Autor Jackson Vasconcelos – 16 de maio de 2025

Desde o prefácio, assinado pelo Fernando Luiz Abrucio. Do início ao fim, o livro “Voto a Voto. Os cinco principais motivos que levaram Bolsonaro a perder (por pouco) a reeleição” é um libelo contra Jair Bolsonaro. Uma obra que dissimula a verdadeira intenção de seus autores. 

Eu tomei conhecimento do livro, no podcast “Club in Exame Invest”, quando um dos autores, Maurício Moura, foi entrevistado. Do podcast eu até gostei. Mauricio falou sobre política e mercado. Do livro, que é bem elaborado e bem organizado, eu não gostei, pois ele promete o que não entrega. Diz ser uma análise isenta, quando não é, apesar de os autores, Maria Carolina Trevisan e Maurício Moura afirmarem, “este livro também não representa nenhum lado envolvido na disputa. Em tempos de polarização eleitoral, tentamos compartilhar da melhor forma possível a nossa leitura sobre os acontecimentos de 2022. Nosso critério foi apostar na observação de dados e de fatos e evitar embarcar em interpretações político-partidárias”. 

Durante a leitura, encontrei Jair Bolsonaro qualificado como “o incumbente” (o caído) e reli várias vezes o mantra: “Único candidato à reeleição presidencial que perdeu o pleito”, um jeito de dizer que Jair Bolsonaro é ruim quando comparado com  Fernando Henrique, Lula e Dilma. Com relação a Fernando Henrique, até pode ser. No mais…

Numa das passagens, Maria Carolina e Maurício Moura reforçam o conceito com uma declaração do cientista político Carlos Melo, do Insper: “Foi quase um milagre Bolsonaro ter perdido a reeleição”. Ora, milagre é intervenção divina em favor do ser humano. Ou seja: “Graças a Deus ele perdeu” é exatamente o que Carlos Melo quis dizer.   

Os autores atribuem a derrota de Bolsonaro à maneira como ele encarou a pandemia, a economia e ao jeito deseducado e preconceituoso como ele trata as mulheres e os pobres. No entanto, Luiz Henrique Mandetta, o Ministro da Saúde saudado pelos autores por ter contestado Bolsonaro na pandemia, perdeu eleição para o senado, na disputa contra uma mulher, Teresa Cristina, que tinha sido Ministra da Agricultura de Bolsonaro. Há também, no quesito pandemia, a eleição do General Pazuello para a Câmara dos Deputados, na posição de segundo mais votado no Estado do Rio de Janeiro. O General é duramente criticado no livro por ter-se alinhado com Bolsonaro, enquanto Ministro da Saúde. 

Também eu não gostei nada, nada, do modo como Jair Bolsonaro, na Presidência da República, lidou com a pandemia. Ele e Donald Trump entraram em pânico, pois vinham com a certeza de que o bom resultado obtido pela economia dos dois países, antes da pandemia, lhes garantiria a reeleição. Perderam a aposta. A política é assim. 

Contudo, Donald Trump voltou à Presidência por decisão do povo americano. Jamais saberemos se o mesmo ocorreria com Jair Bolsonaro, pois por aqui o povo não poderá opinar. 

O livro é rico em comparações entre os resultados eleitorais ocorridos nas eleições no Brasil, em diversos países da América Latina e Europa, com destaque para as eleições na Espanha. Há também um conjunto de dados consolidados em gráficos e reservou-se um lugar para considerações sobre Donald Trump. Tudo isso, porém com o objetivo de reforçar a imagem negativa de Jair Bolsonaro. 

Ocorre que os dados oferecidos mostram que, embora Jair Bolsonaro não tenha sido eleito novamente em 2022, ele manteve-se vencedor nos estados onde conquistou vitórias em 2018. Aqui e ali com menos votos, mas na dianteira. Nas capitais, a situação aconteceu quase do mesmo modo. Jair Bolsonaro venceu em 21 capitais em 2018 e em 17 na eleição seguinte. E tem mais: 11 ex-ministros de Jair Bolsonaro foram eleitos, exclusivamente por ele, pois nenhum deles tinha expressão política. Se considerarmos Sérgio Moro na mesma conta, teremos 12 ex-ministros eleitos. 

Os autores do livro reconhecem o fato no capítulo nove, que tem como título “Bolsonaro perdeu para onde vai o bolsonarismo?”, Maria Carolina e Maurício Moura dobram-se ao reconhecimento da força política e liderança de Jair Bolsonaro, mas pontuam fatos que desabonam o bolsonarismo. Assumem posição e chamam a favor disso, o depoimento do professor de Ciência Política Marcos Nobre. Diz ele: “Para mim, o ponto mais importante na derrota do Bolsonaro é justamente a fidelidade dele ao projeto autoritário. É também o que o torna mais perigoso, porque foi alguém que não abriu mão em nenhum momento do seu projeto…Se a gente considerar isso, vamos considerar todas as outras consequências desse fidelidade ao projeto autoritário, que é a misoginia, o ataque às populações indígenas, às pessoas negras, ao meio ambiente, qualquer regulação civilizada da vida social, consequência desse projeto autoritário. Isso fez com que a rejeição dele aumentasse muito”. 

Para ser confiável, um trabalho que pretende apontar as causas de derrota de um candidato deve considerar as causas da vitória de seu adversário. Maria Carolina e Maurício Moura ficaram nos devendo isso e mais: o que fez com que 58.206.354 pessoas votassem no Bolsonaro, mesmo diante das fragilidades que os autores e seus convidados apontam no livro? 

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DOIS HOMENS BRILHANTES NUM MUNDO DE IDIOTAS

Aproveitei o feriadão da Páscoa para ler “Invasão Vertical dos Bárbaros”, de Mário Ferreira dos Santos, filósofo, que nasceu no Brasil em 1907 e faleceu com 61 anos de idade. O livro, publicado no início dos anos 60, é uma assustadora radiografia da sociedade moderna. Mário Ferreira dos Santos mostra a decadência cultural em todos os campos das atividades humanas. 

Escreveu Mário Ferreira dos Santos: 

“Uma das mais atuais providências dos bárbaros consiste em lutar contra a inteligência, inclusive usando a própria inteligência, por julgá-la como o mais legítimo sinal do civilizado, do homem culto… Com essa frase, Mário Ferreira dos Santos abriu o livro “Invasão Vertical dos Bárbaros”, um manifesto, segundo Luiz Felipe Pondé, que apresenta a obra ao público…“ no limite, um manifesto sobre como hoje se dá a tragédia da condição humana esmagada pela bota da superficialidade…” 

“Na verdade, a invasão gradual e ampla dos bárbaros não só se processa horizontalmente pela penetração no território civilizado, mas também verticalmente, que é a que penetra pela cultura, solapando seus fundamentos e preparando o caminho à corrupção mais fácil do ciclo cultural, como aconteceu no fim do Império Romano, e como começa acontecer agora entre nós”. 

Surpreendente não é a mensagem, mas o tempo em que ela foi escrita. Eu, hoje com 71 anos de idade, estava com seis ou sete quando a obra foi colocada à venda. Antes de ler Mário Ferreira dos Santos, li “ A Civilização do Espetáculo, obra bem mais recente, de Mário Vargas Llosa, que faleceu há poucos dias com 89 anos. O livro dele, publicado em 2012, diz, exatamente, o que Mário Ferreira dos Santos escreveu 60 anos antes.  

Escreveu Mário Vargas Llosa: 

“Agora somos todos cultos de alguma maneira, embora nunca tenhamos lido um livro, nem visitado uma exposição de pintura, assistido a um concerto, adquirido algumas noções básicas dos conhecimentos humanísticos, científicos e tecnológicos do mundo em que vivemos,” 

Mário Ferreira dos Santos escreveu: “A voz da liberdade culta não encontra ouvidos para ouvi-la, nem mentes suficientes para entendê-la… A liberdade, que despontava como uma grata esperança, torna-se uma amarga desilusão… O criminoso, que revela habilidade, é exaltado como inteligente, e a astúcia é apresentada como virtude. A audácia desenfreada é índice de heroicidade…Sexualismo, semi delinquência, afrontas à moral, vida irregular são acentuadas com requintes publicitários”

Vale ler as duas obras, mas com o cuidado de não se deixar deprimir. Ocorre que se a depressão chegar, é possível que ela seja a prova incontestável de que você não está, ainda, entre os idiotas presentes no mundo real dos brilhantes Mários. Quem sabe? Há momentos em que eu acredito que a humanidade apodreceu e, por isso, a política exala mau-cheiro. 

Fiquei surpreso ao ler “Invasão Vertical dos Bárbaros”, porque acreditei já ter vivido tempos de menor mediocridade. Eu estava certo? Você que me lê pode me dizer se sim ou se não. 

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SINAL TROCADO

Troque-se o sinal da declaração que virá a seguir e, inclua-se parte do poema de Castro Alves, e teremos uma ideia perfeita de como anda o Brasil. 

“Todo mundo que era contra a ditadura era comunista. Todos se tornaram suspeitos, subversivos em potencial. O comunista estava na fronteira, atrás da porta, na sombra, na igreja, na escola, no cinema, no teatro, na música, no Exército, o comunista vendia pipoca, estava disfarçado em balés, óperas, podia ser seu vizinho, podia estar debaixo da sua cama, poluir o reservatório de água, dopar os bebedouros. Os comunistas tomariam o poder. Até os não comunistas eram comunistas disfarçados, foram doutrinados, sofreram lavagem cerebral.” Adiante, o autor comenta o AI-5: “Usa a ameaça à democracia como argumento para endurecer o regime, uma aberração jurídica, incongruência em que todo regime autoritário se baseia (para defender a liberdade, precisamos acabar com ela)”. Esse é um dos depoimentos do Marcelo Rubens Paiva no livro “Ainda estou aqui”. 

No país, atualmente, há gente com o adereço de agente subversivo contra a democracia, golpista, fascista e mentirosa, processada e condenada em nome da defesa da democracia. Neste contexto, vale tomar por empréstimo abusivo uma das passagens do poema Navio Negreiro de Castro Alves, para fazer referência à história do Brasil: “Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura…se é verdade. Tanto horror perante os céus.”  

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“AINDA ESTOU AQUI”

Nesse tempo em que a covardia contra o deputado federal Rubens Paiva volta a ser assunto, eu decidi transcrever o que declarou o jornalista Sebastião Nery sobre ele. O artigo está no livro “Ninguém me Contou. Eu vi – De Getúlio a Dilma”. Transcrevo para ter a honra de tê-lo nesse meu espaço. Mas, antes de transcrevê-lo, afirmo que a leitura do livro de Marcelo Rubens Paiva, em especial, dos capítulos onde ele conta a prisão do pai, é difícil. Dói. Quando conheço histórias assim, reafirmo a minha convicção de existência do inferno, pois só a morte de torturadores e de seus chefes não é pena suficiente para as dores que eles causam. O céu nem precisa existir. Para mim, basta que o inferno mantenha os cruéis por toda a eternidade. 

Bem, vamos ao texto do jornalista Sebastião Nery. Ele faleceu em setembro do ano passado, com 92 anos de idade. Eu o conheci mais de perto, quando ele foi candidato a Vice-Prefeito do Rio de Janeiro na chapa encabeçada pelo Rubem Medina, em 1985. 

“Era 20 de janeiro de 1971, feriado, dia de São Sebastião, padroeiro do Rio e meu. Antes das 10 da manhã, a caminho da praia, parei o carro em frente à casa do ex-deputado do PTB paulista, cassado, Rubens Paiva, na Avenida Delfim Moreira, Leblon, Rio. Minha filha, colega da filha dele, desceu para pegar a amiga. Mandei um recado: 

  • Diga ao Rubens que não entramos porque estamos todos com roupa de praia. Quando voltarmos, passaremos aqui para dar-lhe um abraço. Ela subiu, demorou um pouco, desceu com a Malu e me perguntou: 
  • Você brigou com o tio Rubens? Ele estava no quarto, calçando o sapato, com três homens de paletó e gravata. Dei o recado e ele disse: “Foi melhor assim”. 

Fiquei calado, para não assustar as meninas. Mas vi quatro suspeitas Kombis brancas em torno da casa, com várias pessoas dentro, olhando estranhamente para nós. Quando chegamos à praia, disse à minha mulher: 

  • Estão prendendo o Rubens. Aquelas Kombis estão sem placas. 
  • Devem ser amigos ou gerentes da fazenda dele em São Paulo. 

Não fiquei tranquilo. Apressamos o banho de mar e na volta já ninguém chegava mais perto da casa cercada, com a avenida fechada. Parei mais adiante e o porteiro de um prédio próximo me contou: 

  • É a aeronáutica prendendo um cara daquela casa. 

Voltei rápido e aflito. Era preciso espalhar urgente a notícia. Mal entramos em casa, ali perto, na Marquês de São Vicente, toca o telefone: 

  • Minha filha está com vocês? 
  • Está sim. O que aconteceu? 
  • Cuidem dela. E desligou. Era Eunice, mulher do Rubens que seria presa a seguir. 

Peguei o carro, fui correndo à casa do José Aparecido, na Aires Saldanha, em Copacabana. Na véspera, havíamos jantado lá com o Rubens. Entre outros, lá estava o Bocaiúva Cunha, também cassado e sócio do Rubens numa empresa de engenharia. Na saída do jantar, o Rubens pegou um cartão (Rubens Paiva, engenheiro civil), escreveu dois números de telefone ( 223-1512 e 227-5362), me entregou (guardo até hoje): 

  • Você anda sumido, acompanho-o pela Tribuna e pelo Politika . Vamos conversar. 
  • Passe lá amanhã para um uísque. É dia de seu padroeiro. 

Eu o conhecia desde 1953. Ele, presidente do Centro Acadêmico Horácio Leme, da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie, em São Paulo, depois vice-presidente da União Estadual dos Estudantes, e eu dirigente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia de Minas. 

Em 1962, nos elegemos, ele deputado federal por São Paulo, eu estadual pela Bahia. E nos encontrávamos nas lutas do governo Jango. Ele foi diretor do Jornal de Debates e cassado na primeira lista do golpe militar de 1964, por ter feito parte da CPI do IBAD, que denunciou inclusive o farsante Lincoln Gordon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Em 1965, Rubens assumiu a direção do Última Hora de São Paulo, onde eu vivi um ano clandestino e trabalhei escrevendo anonimamente. 

Foi uma noite desesperadora. Com Aparecido, tomando todos os cuidados, fomos à casa de Bocaiúva, na Delfim Moreira e também na de Waldir Pires, na Ruy Barbosa. Ninguém devia falar ao telefone naqueles sinistros anos do governo Médici. Mas, era preciso avisar aos amigos, sobretudo de São Paulo e Brasília, fazer um cerco antes do pior. 

Não adiantou. No dia 21, soubemos que fora levado para o notório brigadeiro Burnier, da aeronáutica, e de lá entregue ao DOI-CODI do exército, na Barão de Mesquita. 

Já no dia 23 a certeza de que tinha sido assassinado. O jornal O DIA, do Chagas Freitas, em manchete fraudada, com a foto de um carro queimado, dizia que “o carro que o transportava do comando da 3a Zona Aérea da Aeronáutica para o DOI-CODI do exército tinha sido interceptado por desconhecidos, que o teriam sequestrado”. 

Eunice Paiva, presa com uma filha e incomunicável durante quinze dias, quando saiu lutou como uma leoa. Com o líder do MDB na Câmara Oscar Pedroso Horta, denunciou ao Conselho de Defesa da Pessoa Humana, que o arquivou por ordem de seu presidente, o tal Alfredo Buzaid, que disse que Paiva estava foragido. O bravo Pedro Horta, líder do MDB, escalou os deputados Marcos Freire e Francisco Pinto para denunciarem o fato na Câmara. 

A “grande imprensa” não disse nada. Só a Tribuna da Imprensa e o nosso Politika desafiaram a censura e furaram o tumor. Desde então, todo ano, no dia 20 de janeiro, relembro o crime. Em 2012, a Globo News, em um belo trabalho da Miriam Leitão, pôs no assunto pela primeira vez na TV. 

Mas o mais completo documento sobre o assassinato de Rubens Paiva pela aeronáutica e pelo exército é o livro do jornalista Jason Tércio – Segredo de Estado – o desaparecimento de Rubens Paiva (Ed. Objetiva). Está tudo lá. 

Os histéricos apavorados que assinaram manifestos contra a “Comissão da Verdade” sabem que um dia a Hora da Verdade chegará”. 

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MANUAL PARA O BOM ELEITOR! 

Perceba que nem bem saímos da campanha eleitoral de 2024 e já há quem se movimente para as campanhas de 26. Diante disso, indico aos interessados, o livro do professor Carlo Cipolla, um sábio, falecido no ano de 2000. Ele escreveu “As leis fundamentais da estupidez humana”, onde apontou as personalidades possíveis de dois personagens, Tom e Dick. Com base na lista de Cipolla, se tem um manual para eleições. Confiram:

Se Tom empreende uma ação para obter uma vantagem e produz uma vantagem também para Dick, Tom é uma pessoa inteligente. Então, se você quer eleger alguém inteligente, busque um candidato que, ao produzir uma vantagem para ele, estará produzindo outra para você. 

Mas se Tom é um cara que, ao fazer algo que lhe dá vantagem, provocará uma perda para Dick, Tom é um bandido e, portanto, se você precisar de um bandido na política, escolha um candidato semelhante ao Tom que, ao ter a vantagem de vencer a eleição, provoque algumas perdas para você. 

Ora, mas se Tom, ao agir, perde alguma coisa, mas produz ganhos para Dick, Tom é um político vulnerável. Se você acredita que uma pessoa vulnerável pode exercer o mandato em seu nome, fique à vontade. 

Por fim, se Tom age e, ao agir, provoca perdas para Dick e para ele mesmo, aí teremos o Tom estúpido. Neste caso, Tom estará mais para eleitor do que para candidato. 

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“GOSTEI DO SÉCULO”. 

Márcio Moreira Alves, jornalista, deputado federal, foi alguém que pela coragem ou ingenuidade, desafiou o poder militar no tempo em que fazer isso era  considerado loucura. Ele faleceu em 2009 e deixou um legado de crônicas, as melhores publicadas com o título que tomei dele para o presente artigo, “Gostei do Século”. Certamente, Márcio foi mais feliz por ter partido antes de viver o que andamos vivendo no momento, nesse Brasil que só Deus é capaz de compreender e o Diabo de fazer uso. 

Entre as crônicas há “Imprensa e Política”, que os movimentos presentes me estimularam a compartilhar alguns trechos com vocês. A crônica tem o dia 2 de abril de 1996 como data, algo que aconteceu há 28 anos, portanto. Sem mais, vamos ao texto do Márcio: 

“Um projeto de lei de imprensa se arrasta pelas comissões da Câmara há três anos. Prevê pesadas multas para quem divulgar notícias falsas, injúrias ou calúnias. Dormia, posto em sossego, quando surgiram as notícias de barganhas sobre a votação da reforma da Previdência (…). Uns apressadinhos logo propuseram conferir-lhe “urgência urgentíssima”, na tentativa de intimidar os meios de comunicação. 

Não conseguiram nada, mas berraram…

As tentativas de cercear a imprensa são antigas quanto a própria liberdade de imprensa, surgida com a Independência. Algumas vezes foram bem-sucedidas, nos períodos ditatoriais. 

A censura sempre encontrou resistências em jornais e jornalistas corajosos. No período militar, o Estado de São Paulo foi exemplar, publicando receitas de bolos e versos de Camões no lugar das notícias suprimidas. Não esteve sozinho na luta, mas faço o registro em homenagem ao seu diretor, Júlio Mesquita Neto, hoje em estado terminal. Ele pode dizer, como François Mitterrand: “Fiz o que pude”

A nossa imprensa não é perfeita, longe disso. Muitas vezes é preconceituoso, comete erros, acolhe calúnias. No entanto, é hoje a melhor imprensa que jamais tivemos e, juntamente com a da Argentina, a melhor da América do Sul e uma das melhores do mundo(…). 

Na minha opinião, o repórter é pago para informar o que os que estão nos postos de decisão pensam, o que pretendem fazer e, se tiver capacidade de análise e gosto pelo risco, para prever o que acontecerá. Quem é pago para ser a favor ou contra são os políticos e os que ocupam cargo de confiança no Executivo. 

O nosso modelo de imprensa é norte-americano. Logo, as revistas nacionais e os grandes jornais tentam seguir a regra colocada por Adolph Ochs no credo do New York Times: “Publicar as notícias com imparcialidade, sem medo ou favoritismo, sem se deixar influenciar pelos partidos, seitas ou interesses em jogo.” O cabeçalho de seu jornal diz “Todas as notícias que merecem ser impressas.” É verdade que muitas vezes também seguimos o conselho que Frank Simons, dono do News York Tribune, dava aos seus repórteres: “Só há uma maneira de um jornalista olhar um político: de cima para baixo”. 

No reverso da medalha, o presidente Lyndon Johnson disse, certa vez: “O fato de alguém ser repórter de jornal já indica que tem uma falha grave no seu caráter.”

Neste assunto, quem provavelmente tem razão é o Pat Oliphant, o mais célebre caricaturista dos EUA. Uma vez ele confessou que conhecia pouquíssimos políticos. Justificou: “Tenho medo de gostar deles”. 

Prudente atitude. Já imaginaram o Paulo Caruso andando pelos corredores do Congresso? Seria churrasqueado na primeira esquina, ainda que, por falta de combustível, José Sarney tivesse de sacrificar os seus bigodes para acender o fogo. 

A verdade é que a imprensa livre e políticos, gostem ou não uns dos outros, estão casados para sempre. Trabalham com a mesma matéria-prima e um não existe sem o outro. Como dizia Nelson Rockefeller, governador do estado de Nova York: “A política é a vida e o sangue da democracia. Chamar a política de suja é chamar de suja a democracia.”

Os grandes pensadores da Construção dos Estados Unidos, Thomas Jefferson e James Madison, em um comunicado da delegação da Virgínia ao Congresso, escreveram: “Devemos à imprensa, apesar de seus inúmeros abusos, todos os triunfos conseguidos pela razão e pela Humanidade contra o erro e a opressão.”

Dois séculos mais tarde, o presidente Kennedy declarou: “Mesmo que não gostemos; mesmo que desejamos que não fosse publicado; mesmo que desaprovemos, não há dúvidas de que não poderíamos governar em uma sociedade livre sem uma imprensa, muito, muito ativa.”

Como vêem, a herança da imprensa livre é grande demais para ser ameaçada por negociadores de favores políticos”. 

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“Sexta-Feira, 13…”

14 de fevereiro de 2024. 

“Passado o episódio do Estado de Sítio, parecia que o Presidente João Goulart iria nortear o seu Governo mais para o predomínio do fato administrativo, sobrepondo-se ao fato político que já consumira mais de metade do seu mandato…JK havia sacudido o país de norte a sul com obras monumentais, Jânio Quadros foi apenas o ético, consumindo todos os seus sete meses  de Governo com inquéritos e bilhetinhos. Em mais de um ano de governo parlamentarista, o Presidente não marcara nenhum tento administrativo. Estava na estaca zero…”. Essas são passagens do livro que ocupou o meu tempo no carnaval: “Sexta-Feira, 13 – Os últimos dias do Governo João Goulart”, do deputado Abelardo Jurema, que foi Ministro da Justiça naquele tempo. Eu consegui a obra no sebo Estante Virtual. 

No livro, “Seu Jurema” dedicou um capítulo ao momento em que o Presidente João Goulart decidiu colocar o Brasil em Estado de Sítio, em resposta às greves e à entrevista ofensiva aos militares concedida pelo governador da Guanabara, Carlos Lacerda. Jango tentou, mas depois das reações do Congresso Nacional e dos governadores, desistiu. Há poucos dias, voltou-se a falar em Estado de Sítio, sendo agora uma tentativa atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro, nas confusões armadas em torno dele. A imprensa divulgou que a Polícia Federal encontrou uma minuta de um documento destinado a decretar Estado de Sítio, na sala que o ex-presidente ocupa na sede do PL. 

Quem examina a história da política no Brasil verifica que ela é uma repetição cansativa de maquinações de quem está no poder para manter-se nele e de quem está fora dele para lá chegar sem considerar a vontade do povo. Jango foi eleito duas vezes Vice-Presidente da República. No tempo dele, os vice-presidentes não participavam das chapas dos presidentes como acontece atualmente, O povo escolhia os presidentes e quem ele desejaria que governasse o Brasil na falta do selecionado. Hoje, um é eleito grudado no outro. Bem, Jango foi eleito, primeiro, para ser vice-presidente de Juscelino, momento em que viveu a paz oferecida pelo titular. “Houve tropeços, houve ranhuras, houve mal-entendidos, tudo, porém, facilmente corrigido e neutralizado pelas lideranças partidárias”, relata “Seu Jurema”. A segunda experiência de Jango como Vice-Presidente levou-o à Presidência pela renúncia de Jânio Quadros, numa trajetória tumultuada em que militares e Congresso Nacional fizeram de tudo para que não se cumprisse. Uma vez presidente, primeiro num parlamentarismo arranjado e depois num presidencialismo muito próprio dos brasileiros, Jango foi defenestrado pelos mesmos agentes: Congresso e Caserna. “Seu Jurema” conta que, “num dos momentos de depressão, o presidente chegou a me dizer: “Não sei, Seu Jurema, como Juscelino ainda quer voltar para isto aqui”. 

A Constituição? Ah! minha gente, essa nunca teve valor, nem naquele tempo, nem na Monarquia e menos ainda hoje em dia. Assim segue a nossa relação com a política. A relação dos imperadores e dos presidentes com a política sempre foi cruel, pois dele o povo quase nunca está presente. Quem queira conferir que vá à história de cada um deles. 

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Por aqui, estúpido, é a segurança! 

JACKSON VASCONCELOS.

James Carville, profissional de marketing que atuou na primeira campanha de Bill Clinton para a Presidência dos Estados Unidos, enfrentou o adversário com um slogan, “É a economia estúpido, nacionalizado aqui pelo estrategista César Maia”. Mas, quando está no foco a marca Rio, representada pela Cidade do Rio de Janeiro, por um estado de igual nome e por um povo, cariocas e fluminenses, por nascimento ou paixão, James Carville é o estúpido, ou pelo menos o slogan dele. Por aqui o nó está na Segurança Pública, que trava tudo, inclusive a economia. 

O Presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro – graças aos céus, hoje,  Josier Vilar – diz que reconhece que a falta de segurança é a questão central a ser vencida. Ele falou ao Jornal do Rio, programa da Band Rio, entrevistado por Adilson Ramos. Josier abriu a entrevista com uma declaração que situa as intenções dele na presidência: “O passado tem que nos servir de aprendizado. Estamos no século do mundo digital, da transformação digital, da inovação. Eu quero pegar toda a experiência do passado e trazer para o presente e inovar para que o Rio de Janeiro possa ser um lugar atrativo para você viver, para você trabalhar, para você empreender e visitar e para você poder investir aqui…”

A linha de raciocínio do presidente segue para um bom destino: “sem deixar de olhar a segurança, que é o principal ponto que impede que investimentos sejam feitos de forma intensiva. A bandeira da segurança será uma das prioridades da minha gestão, junto com a ordem pública…Estou criando um conselho empresarial de segurança e ordem pública. Vou convidar grandes especialistas…O diagnóstico já está pronto. Todo mundo sabe quais são os problemas …”

Quem serão os especialistas convidados por Josier? Esse é um campo delicado no debate sobre a Segurança Pública no Rio de Janeiro, pois os especialistas não se entendem bem, mas sejam quais forem, só o fato de o Presidente da Associação Comercial estabelecer o tema como prioridade é uma vitória, e se essa disposição estiver em linha com o principal diagnóstico do problema, teremos um ganho adicional significativo. Esse diagnóstico está presente em pelo menos dois livros à disposição do público: “Meu casaco de General”, do sociólogo Luiz Eduardo Soares – a experiência do autor com o Governador Garotinho –  e “O Fim da UPP”, que relata o trabalho do autor, do Coronel PM Frederico Caldas, nos governos do governador Sérgio Cabral. 

Em comum, os dois livros mostram políticas de Segurança Pública, com a mesma raiz – a proximidade entre policiais e população – que, não só por coincidência, poderiam ter sido exitosas e não foram, em razão do conflito dos projetos com a ambição política dos governador do perfil perdulário do Sérgio Cabral.  

A leitura do livro do Coronel Frederico Caldas chega a dar raiva pela oportunidade perdida. As UPPs formaram o primeiro projeto de segurança pública com resultados de sucesso medidos e avaliados. Algo que nasceu num ato de arrogância (nesse caso, bendita arrogância) de uma primeira-dama, financiado por um empresário, Eike Batista. Um projeto que, em pouco tempo, se fez experiência de vitória sobre o crime nas comunidades e que faliu – literalmente faliu. Frederico Caldas aponta vários motivos, entre eles: 

“(…) Assim todos queriam uma UPP para chamar de sua. Com um capital de expressivo potencial eleitoral, as UPPs se transformaram não só em outdoor político do governador Sérgio Cabral como foram incorporados ao discurso de campanha de Dilma Rousseff, em 2010, com a promessa de levá-las a outros estados do Brasil caso fosse eleita, numa clara tentativa de aglutinar as forças federal e estadual, sob as bênçãos de Lula”. Em resumo: o interesse pessoal ficou acima dos desejos da população. 

Eu, um palpiteiro em diversos assuntos, ainda teimo que para se ter alguma chance, o governo do estado deveria agir com o governo federal com o objetivo direto e único de acabar de vez com a liberdade que têm os criminosos para portar armas de todos os tipos e calibres. Uma oportunidade que o governador está deixando fugir entre os dedos. 

Mas, tenho esperança e por isso, encerro com Raul Seixas: “Veja, não diga que a canção está perdida. Tenha fé em Deus, tenha fé na vida. Tente outra vez…Queira, basta ser sincero e desejar profundo. Você será capaz de sacudir o mundo”.