Publicado em

TRUMP NÃO PAGOU PRA VER

Jackson Vasconcelos – 22 de junho de 2025

A verdade é que Donald Trump não pagou pra ver. Franklin Delano Rooselvelt pagou! Ele esperou a ofensiva dos japoneses em Pearl Harbor, para levar os Estados Unidos à guerra, apesar dos apelos de Churchill. A história conta que Roosevelt não levava as ponderações de Churchill a sério. 

É fato também que os tempos hoje são outros e o risco de uma espera bem maior, a ponto de, admite-se, Israel ser completamente aniquilado e o terror voltar com força total contra a paz. Busquei na minha estante, assim que eu soube da atitude do Presidente Donald Trump, tomei conhecimento dos agradecimentos do Netanyahu a ele, o livro de Carl Clausewitz, “Da Guerra”, que li como parte de minha formação em estratégia. 

O matemático Anatole Rapoport assina o prefácio, que é, na verdade, uma brilhante resenha do livro. Anatole abre o texto com as considerações sobre Clausewitz presentes na obra “A história do Estado-Maior alemão”, do escritor Walter Goerlitz, que considerou Clausewitz um filósofo da guerra. E, sendo assim, o livro “Da Guerra” recebe do prefaciador, a classificação de um trabalho de filosofia da guerra. 

Anatole Rapoport escreveu ainda: “Clausewitz encara a guerra como um instrumento racional de política nacional. As palavras “racional”, “instrumento” e “nacional” são os conceitos-chave do seu paradigma. Nessa ordem de ideias, a decisão de empreender a guerra “deveria” ser racional, no sentido de que deveria ser baseada numa avaliação de custos e lucros da guerra. A seguir, a guerra “deveria” ser instrumental, isto é, deveria ser empreendida com vista a alcançar um objetivo, e nunca por si própria; é no mesmo sentido que tanto a estratégia como as táticas devem ser dirigidas para um só fim, particularmente, para a vitória. Por último, a guerra “deveria” ser nacional, para que o seu objetivo fosse a satisfação dos interesses de um Estado nacional e para que se justifique que todo o esforço de uma nação seja mobilizado a serviço do objetivo militar.”

Clausewitz define a guerra, “um ato de violência destinado a forçar o adversário a submeter-se à nossa vontade. Para defrontar a violência, a violência mune-se com as invenções das artes e das ciências…” O livro é denso, tem mil páginas de aula de estratégia para a guerra, mas com conceitos e observações que dá para adaptar às ações na política. 

Por isso, para mim, as considerações mais ricas estão nos capítulos sobre “A defesa” e “O ataque”. Vejam se não. Diz Clausewitz sobre a defesa: “O conceito de defesa é a parada; e a parada supõe uma expectativa, e designamos esta expectativa como característica principal da defesa, ao mesmo tempo sua principal vantagem”. 

Publicado em

“COMO A PICARETAGEM CONQUISTOU O MUNDO”

Jackson Vasconcelos – 19 de junho de 2025

Sigo a comentar os livros que compõem as minhas estantes. 

No dia 29 de outubro de 2006, eu completei 53 anos de idade. Seria dia de bastante alegria se Denise Frossard tivesse vencido Sérgio Cabral na disputa pelo governo do estado. Isso não aconteceu apesar de, com certeza, toda a sociedade carioca e fluminense, conhecesse, previamente, Sérgio Cabral e o poder dele de aprontar o que depois aprontou. Fazer o quê, né. O povo decidiu, decidido estava. Cabral foi eleito e premiado pela imprensa com o adjetivo de “Garoto do Rio” e por toda a sociedade como um sujeito complicado, mas que faz. Sabe como é, né? 

Fui afogar as mágoas numa livraria e na entrada encontrei um livro que, pelo título, me confortou: “Como a Picaretagem Conquistou o Mundo”. Comprei-o e pus-me a lê-lo, imediatamente. Olha, a obra de Francis Wheen deu-me mais, bem mais, do que eu esperava. Já a começar pelo complemento do título, que eu nem tinha percebido: “Equívocos da Modernidade”. A leitura reduziu o louco resultado da eleição em algo bem pequeno, quase insignificante, diante dos picaretas que encontrei página após página. O livro é agradável, é uma crítica mordaz bem-humorada à irracionalidade fantasiada de obviedade. 

Francis aponta os picaretas modernos presentes nas seitas religiosas, nos mercados financeiros que têm base em especulação sem lastro, no pós-modernismo acadêmico (algo que o Brasil conhece de sobra pelo domínio dos malucos nas universidades) e os picaretas na política, gente que manipula a opinião pública. O livro denuncia a explosão do mercado de autoajuda como atos de picaretagem e faz o mesmo com a fé dogmática no mercado. No capítulo 5, para mim, o mais rico, Francis cita a picaretagem no espiritualismo e na cultura de celebridades/influencers. 

Sobre liberdade de expressão – algo polêmico hoje em dia – Wheen cita uma promessa do aiatolá Khomeini: “Numa entrevista ao jornal Ettelaat, o aiatolá denunciou a dança e o cinema como anti islâmicos e limitou as suas promessas de liberdade de expressão, excluindo, “aquilo que não for de interesse nacional”. Eita, tem gente por aqui que defende exatamente a mesma coisa. Ao falar sobre o Iluminismo, Wheen cita Kant: “A imaturidade é a incapacidade de usar a própria compreensão sem a orientação de terceiros”. É como o poder nos vê, também por aqui, Brasil!” 

Depois Francis fala sobre os gurus da autoajuda e mostra gente tida como inteligente e racional que acompanha, com fé, toda essa bobagem. Margaret Thatcher e Reagan apanham bastante na obra. As universidades como elementos que castram a liberdade e o uso livre da inteligência estão presentes. A imprensa, de igual modo. Fukuyama e o tal do fim do mundo; as igrejas e a fé cega estão presentes. 

Encerro com uma pérola, presente no capítulo “Os mercadores da demolição da realidade: “Eis, por exemplo, um trecho do teórico francês Gilles Deleuze: “Em primeiro lugar, os eventos-singularidades correspondem a séries heterogêneas, organizadas num sistema que não é estável nem instável, mas “metaestável”, dotado de uma energia potencial na qual se distribuem as diferenças entre as séries(…). Em segundo lugar, as singularidades possuem um processo de auto-unificação sempre móvel e deslocado, na medida em que um elemento paradoxal atravessa as séries e as faz ressoar, envolvendo os pontos singulares correspondentes num único ponto aleatório e todas as emissões, todos os lances de dados, numa única jogada”. 

Vejam o que diz Francis sobre o texto: 

“Podemos passar horas fitando esse parágrafo e continuar sem entender nada. Podemos lê-lo de trás para a frente, decompô-lo nas orações que o constituem, ingerir drogas alucinógenas para ajudar a compreensão: ele continua a ser um palavrório ininteligível. No entanto, ninguém menos que Michel Foucault elogiou Deleuze como “um dos maiores dentre os grandes”, acrescentando que, “um dia, talvez, o século seja deleuziano”. 

Francis continua: Embora boa parte do pós-modernismo possa ser um disparate, trata-se de um disparate com uma finalidade: ao usarem uma terminologia quase científica, os teólogos pós-modernistas pretenderam desacreditar a “objetividade” da própria ciência. O fato de nada saberem de matemática, física ou química não constituiu um obstáculo. Luce Irigaray, uma das grandes sacerdotisas do movimento, denunciou o E=mc2 de Einstein como uma “equação sexista”, uma vez que “ ela privilegia a velocidade da luz em detrimento de outras velocidades (menos masculinas) que são de uma necessidade vital para nós”. Num espírito similar, ela protestou contra o “privilégio da mecânica dos sólidos em relação à mecânica dos fluidos e, a rigor, (contra) a incapacidade da ciência para lidar com qualquer fluxo turbulento”, e atribuiu essa tendenciosidade à associação da fluidez com a feminilidade: “Enquanto os homens têm órgãos sexuais protuberantes e que se enrijecem, as mulheres têm aberturas por onde o sangue menstrual e os líquidos vaginais vazam.(…)” 

O livro vale o tempo que se gasta com a leitura. Em resumo, nele estão o fundamentalismo, a cultura de auto-ajuda, a idolatria ao mercado, o relativismo intelectual, as crendices exploradas pela mídia e a manipulação política. Francis encerra pedindo um reencontro da humanidade com a razão, com o racional. 

Publicado em

UM PACIENTE CHAMADO BRASIL

Jackson Vasconcelos – 21 de maio de 2025

Estimulado pela curiosidade que me acendeu a leitura do livro de Maria Carolina Trevisan e Mauricio Moura “Voto a Voto”, busquei o depoimento do ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, colocado em livro. “Um paciente chamado Brasil – Os bastidores da luta contra o coronavírus”, pouca novidade me trouxe consideradas as notícias da época. Contudo, a leitura é o relato do principal personagem, o que o torna um documento importante, uma vez que o Brasil está entregue ao poder das narrativas. 

Mesmo antes de ler o depoimento do ex-ministro, eu já tinha a compreensão de que Jair Bolsonaro, assim como Donald Trump, foram tomados pelo desespero com a pandemia, pois tinha a convicção de uma reeleição fácil em razão da economia. Os dois resolveram aniquilar a pandemia do jeito mais estúpido: pela atitude de não reconhecê-la. Luiz Henrique Mandetta dá solidez didática ao argumento no Capítulo 38: 

“Conclui que o cálculo do Bolsonaro era o seguinte: o que o afetaria nas eleições de 2022 seria a economia. O que salvaria ou enterraria a sua futura candidatura seriam emprego, renda e outros fatores econômicos. Paulo Guedes sinalizava um crescimento de 2,5 por cento na economia em 2020, faria uma reforma administrativa no ano seguinte para altar as amarras dos cofres públicos e dos investimentos, e poderia chegar ao fim do mandato com um crescimento de 3,5 ou 4 por cento. Com isso não teria adversário capaz de barrá-lo.” 

Louco por livros, vi acender-me a lembrança de duas obras: 

  1. A primeira delas, “A Marcha da Insensatez”, de Barbara Tuchman. Nela, uma frase só: “Fenômeno observável ao longo da História, que não se até a lugares ou períodos, tem sido a busca pelos governos, de políticas contrárias aos seus próprios interesses”. Pra mim, um comportamento que prova o risco representado pelos projetos sem estratégia. 
  2. A segunda, do mestre Machado de Assis. Ele nos brindou com “Humanitas” em Quincas Borba: — “Foi no Rio de Janeiro, começou ele, defronte da Capela Imperial, que era então Real, em dia de grande festa; minha avó saiu, atravessou o adro, para ir ter à cadeirinha, que a esperava no Largo do Paço. Gente como formiga. O povo queria ver entrar as grandes senhoras nas suas ricas traquitanas. No momento em minha avó saía do adro para ir à cadeirinha, um pouco distante, aconteceu espantar-se uma das bestas de uma sege; a besta disparou, a outra imitou-a, confusão, tumulto, minha avó caiu, e tanto as mulas como a sege passaram-lhe por cima. Foi levada em braços para uma botica da Rua Direita, veio um sangrador, mas era tarde; tinha a cabeça rachada, uma perna e o ombro partidos, era toda sangue; expirou minutos depois…O dono da sege estava no adro, e tinha fome, muita fome, porque era tarde, e almoçara cedo e pouco. Dali pôde fazer sinal ao cocheiro; este fustigou as mulas para ir buscar o patrão. A sege no meio do caminho achou um obstáculo e derrubou-o; esse obstáculo era minha avó. O primeiro ato dessa série de atos foi um movimento de conservação: Humanitas tinha fome. Se, em vez de minha avó, fosse um rato ou um cão, é certo que minha avó não morreria, mas o fato era o mesmo; Humanitas precisa comer…”. 

Assessorado por Paulo Guedes e pela ignorância presente no DNA, Jair Bolsonaro agiu como as mulas, que mataram a avó de Quincas Borbas. Quem esteve no caminho do sonho de reeleição dele, mesmo que submetido a respiradores ou na porta da cova, seria sacrificado. Eu fui um dos que Jair Bolsonaro entendeu que poderia morrer para a economia voltar a funcionar. Arolde de Oliveira, um dos melhores políticos que conheci, escudeiro de Bolsonaro, foi sacrificado como tantos outros. 

Publicado em

LEI PERVERTIDA

Jackson Vasconcelos18 de maio de 2025

O livro “A Lei” escrito por Frederic Bastiat deveria ser leitura obrigatória e razão de estudos nas escolas, principalmente nas universidades brasileiras e, de preferência, nas faculdades de Direito, para que todos aprendam o significado não da lei, mas da lei pervertida. Quem sabe os criadores das leis e os profissionais do Direito no Brasil – meu campo de considerações – não seriam capazes de interromper o desastre que se abateu sobre a sociedade brasileira sob a batuta do socialismo? 

A lei pervertida autoriza a espoliação legal e é ela o conceito que dá sentido ao socialismo e, por extensão, a compreensão do que é o comunismo tupiniquim. No ponto 6 do livro estão as primeiras colocações de Bastiat sobre Propriedade e Espoliação. Reproduzo-as na íntegra:  

“O homem só pode viver e desfrutar por meio de uma assimilação, de uma apropriação perpétua, isto é, por uma aplicação perpétua de suas faculdades às coisas, ou pelo trabalho. Daí vem a propriedade. 

Porém, na verdade, ele pode viver e desfrutar assimilando e apropriando o produto das faculdades de seus semelhantes…” Digo eu, eis os agentes do Estado. Bastiat segue: “Daí vem a Espoliação. 

Ora, sendo o próprio trabalho um esforço, e sendo o homem naturalmente inclinado a evitar o esforço” – os agentes preguiçosos do Estado, digo eu. Prossegue Bastiat: “segue-se, como prova a história, que onde quer que a espoliação seja menos onerosa do que o trabalho, ela prevalece sem que a religião nem a moral possam, nesse caso, impedi-la. Quando, então, a espoliação para? Quando se torna mais onerosa, mais perigosa que o trabalho…” Olhem como andam as relações entre os agentes do Estado Brasileiro e os cidadãos. É fácil verificar que para os agentes a espoliação não onerosa substitui o trabalho. 

Logo em seguida, há um texto primoroso, ilustrado com mendigos e vagabundos. Dizem eles: “Jamais compramos vinho, tabaco, sal, sem pagar imposto, e parte desse imposto é dado legislativamente em subsídios, e subvenções a homens mais ricos do que nós. Outros usam a lei para elevar artificialmente o preço do pão, da carne, do ferro, do pano. Como cada um explora a Lei em benefício próprio, nós também queremos explorá-la…” 

Temos, então, que o socialismo – esse aplicado ao Brasil desde sempre – está definido como uma espoliação legalizada – espoliação aplicada e autorizada por leis pervertidas. Como encerrar esse ciclo? Bastiat responde: “Você precisa impedir o socialista de chegar perto da confecção das Leis. Você precisa mantê-lo fora do Palácio Legislativo. Você não conseguirá (evitar a espoliação legal), ouso prever, enquanto do lado de dentro se legiferar sobre o princípio da Espoliação legalizada. É iníquo demais. É absurdo demais!

Bastiat, na linha do combate ao socialismo, nos chama a atenção para a fraternidade forçada: “Outro dia o sr. de Lamartine (poeta, ensaísta e político francês)  me escreveu: “A sua doutrina é apenas a metade do meu programa; o senhor fica na Liberdade, eu na Fraternidade”.Respondi-lhe que a segunda metade do seu programa destruirá a primeira. E, de fato, para mim é completamente impossível separar a palavra fraternidade da palavra liberdade. Para mim, é completamente impossível conceber a Fraternidade legalmente forçada, sem que a Liberdade seja legalmente destruída, e a Justiça, legalmente pisoteada.” 

É fácil entender do que se trata. Que se olhe os programas sociais (bolsa-família e outros troços semelhantes que justificam a “esmola” que os populistas entregam aos pobres para garantia de perpetuação no poder. Escreveu Bastiat: “Aqui vou contra o mais popular preconceito da nossa época. Não queremos apenas que a Lei seja justa; queremos também que ela seja filantrópica. Não nos contentamos que ela garanta a cada cidadão o exercício livre e inofensivo de suas faculdades, aplicadas a seu desenvolvimento físico, intelectual e moral; exigimos que ela estenda diretamente sobre a não o bem-estar, a educação, e a moralidade. É o lado sedutor do socialismo. Porém, repito, essas duas missões da Lei se contradizem. É preciso optar. O cidadão não pode ao mesmo tempo ser livres e não ser”. 

Publicado em

O FLUMINENSE E EU

Autor Jackson Vasconcelos – 18 de maio de 2025

O advogado Ademar Arrais, tricolor, me fez voltar a pensar no Fluminense com mais atenção. Pela segunda vez ele me procura para ajudá-lo a ser eleito presidente do clube. Na primeira vez, resisti. Ele foi candidato e em nome de uma composição da oposição, renunciou à candidatura. Acredita que fez mal, pois a oposição não se uniu e tomou uma surra do atual presidente, Mário Bittencourt. Resolvi aceitar o convite, em razão da enorme ajuda que Ademar Arrais deu ao Peter Siemsen, tanto na primeira eleição dele, quanto na última. Peter foi a causa da minha aproximação com o Fluminense, quando me convidou para organizar as campanhas dele de eleição e reeleição. Entre um momento e outro, estive na gestão do Fluminense. 

As vitórias do Peter Siemsen foram patrocinadas pela estratégia correta, uma área em que me julgo, até com certa vaidade, muito bom. E, sem humildade, garanto que a terceira vitória do Peter com a candidatura do Pedro Abad, ainda foi resultado das estratégias traçadas por mim. Quando Pedro Abad foi candidato e eleito eu já não estava mais no Fluminense, mas o legado funcionou. Quando saí do Fluminense, escrevi e publiquei um livro para contar a minha experiência com a gestão do clube. 

O meu contrato com Ademar está motivado pelo compromisso pessoal, por isso, ele não acompanha os valores dos contratos que tenho para a elaboração de estratégias para campanhas e gestão de mandatos. O contrato me dá o prazer de participar de um desejo legítimo do Ademar Arrais de ser presidente do Fluminense para aplicar um modelo de gestão que ele defende faz tempo. Ademar até tentou usá-lo nas gestões do Peter, mas não conseguiu, por isso se afastou. 

Peter Siemsen fez um grande trabalho e eu tive a honra de ser a pessoa que organizou os processos das decisões dele e o ambiente político para que ele pudesse trabalhar. Durante o período, as crises nas finanças foram constantes, com bloqueios judiciais nas contas e outras coisas semelhantes. Houve até a saída da UNIMED, que a despeito da competência do Celso Barros, entrou numa situação financeira bem delicada. 

Peter, contudo, conseguiu dar aos torcedores uma janela para participarem da escolha dos presidentes, ao modificar o estatuto com uma decisão da Assembléia-Geral. A sede de Laranjeiras foi toda reformada, do Salão Nobre ao Parque Aquático, passando pelas quadras de tênis, estande de tiro, bares e academias. A Ouvidoria do Clube, sob a gerência de uma profissional de excepcional talento, deu voz aos usuários do clube. Enfim, tivemos um banho de realizações positivas, premiadas quase ao final da gestão do Peter com a inauguração do Centro de Treinamento do Futebol Profissional – CT. Pedro Antonio da Silva fez o projeto acontecer. 

Quando volto, agora, a pensar no Fluminense para ajudar Ademar Arrais, vejo, lamentavelmente, cumprida a previsão que fiz na introdução do livro que escrevi, “”O Jogo dos Cartolas”. Vejam só: Uma das grandes heranças da antiguidade clássica é a mitologia grega, com suas histórias fascinantes, que se aplicam perfeitamente aos dias atuais. Uma das recorrentes e representativas da realidade humana é o mito de Sísifo. Condenado pelos deuses do Olimpo após denunciar a conduta inapropriada do próprio Zeus, Sísifo foi obrigado a passar o resto dos seus dias carregando uma enorme e pesada pedra morro acima, apenas para vê-la despencar a cada chegada e obrigá-lo a refazer o doloroso percurso…”

Espero que a oposição se una em torno do Ademar Arrais para que ele consiga organizar um time de profissionais competentes para recuperar o Fluminense. Para dar paz ao Sísifo. 

Os editores, André Figueiredo e Gabriela Javier, dois tricolores, foram fundamentais na construção do livro. Cadu e Lívia, dois profissionais de excelência, foram os idealizadores. 

Publicado em

“VOTO A VOTO”

Autor Jackson Vasconcelos – 16 de maio de 2025

Desde o prefácio, assinado pelo Fernando Luiz Abrucio. Do início ao fim, o livro “Voto a Voto. Os cinco principais motivos que levaram Bolsonaro a perder (por pouco) a reeleição” é um libelo contra Jair Bolsonaro. Uma obra que dissimula a verdadeira intenção de seus autores. 

Eu tomei conhecimento do livro, no podcast “Club in Exame Invest”, quando um dos autores, Maurício Moura, foi entrevistado. Do podcast eu até gostei. Mauricio falou sobre política e mercado. Do livro, que é bem elaborado e bem organizado, eu não gostei, pois ele promete o que não entrega. Diz ser uma análise isenta, quando não é, apesar de os autores, Maria Carolina Trevisan e Maurício Moura afirmarem, “este livro também não representa nenhum lado envolvido na disputa. Em tempos de polarização eleitoral, tentamos compartilhar da melhor forma possível a nossa leitura sobre os acontecimentos de 2022. Nosso critério foi apostar na observação de dados e de fatos e evitar embarcar em interpretações político-partidárias”. 

Durante a leitura, encontrei Jair Bolsonaro qualificado como “o incumbente” (o caído) e reli várias vezes o mantra: “Único candidato à reeleição presidencial que perdeu o pleito”, um jeito de dizer que Jair Bolsonaro é ruim quando comparado com  Fernando Henrique, Lula e Dilma. Com relação a Fernando Henrique, até pode ser. No mais…

Numa das passagens, Maria Carolina e Maurício Moura reforçam o conceito com uma declaração do cientista político Carlos Melo, do Insper: “Foi quase um milagre Bolsonaro ter perdido a reeleição”. Ora, milagre é intervenção divina em favor do ser humano. Ou seja: “Graças a Deus ele perdeu” é exatamente o que Carlos Melo quis dizer.   

Os autores atribuem a derrota de Bolsonaro à maneira como ele encarou a pandemia, a economia e ao jeito deseducado e preconceituoso como ele trata as mulheres e os pobres. No entanto, Luiz Henrique Mandetta, o Ministro da Saúde saudado pelos autores por ter contestado Bolsonaro na pandemia, perdeu eleição para o senado, na disputa contra uma mulher, Teresa Cristina, que tinha sido Ministra da Agricultura de Bolsonaro. Há também, no quesito pandemia, a eleição do General Pazuello para a Câmara dos Deputados, na posição de segundo mais votado no Estado do Rio de Janeiro. O General é duramente criticado no livro por ter-se alinhado com Bolsonaro, enquanto Ministro da Saúde. 

Também eu não gostei nada, nada, do modo como Jair Bolsonaro, na Presidência da República, lidou com a pandemia. Ele e Donald Trump entraram em pânico, pois vinham com a certeza de que o bom resultado obtido pela economia dos dois países, antes da pandemia, lhes garantiria a reeleição. Perderam a aposta. A política é assim. 

Contudo, Donald Trump voltou à Presidência por decisão do povo americano. Jamais saberemos se o mesmo ocorreria com Jair Bolsonaro, pois por aqui o povo não poderá opinar. 

O livro é rico em comparações entre os resultados eleitorais ocorridos nas eleições no Brasil, em diversos países da América Latina e Europa, com destaque para as eleições na Espanha. Há também um conjunto de dados consolidados em gráficos e reservou-se um lugar para considerações sobre Donald Trump. Tudo isso, porém com o objetivo de reforçar a imagem negativa de Jair Bolsonaro. 

Ocorre que os dados oferecidos mostram que, embora Jair Bolsonaro não tenha sido eleito novamente em 2022, ele manteve-se vencedor nos estados onde conquistou vitórias em 2018. Aqui e ali com menos votos, mas na dianteira. Nas capitais, a situação aconteceu quase do mesmo modo. Jair Bolsonaro venceu em 21 capitais em 2018 e em 17 na eleição seguinte. E tem mais: 11 ex-ministros de Jair Bolsonaro foram eleitos, exclusivamente por ele, pois nenhum deles tinha expressão política. Se considerarmos Sérgio Moro na mesma conta, teremos 12 ex-ministros eleitos. 

Os autores do livro reconhecem o fato no capítulo nove, que tem como título “Bolsonaro perdeu para onde vai o bolsonarismo?”, Maria Carolina e Maurício Moura dobram-se ao reconhecimento da força política e liderança de Jair Bolsonaro, mas pontuam fatos que desabonam o bolsonarismo. Assumem posição e chamam a favor disso, o depoimento do professor de Ciência Política Marcos Nobre. Diz ele: “Para mim, o ponto mais importante na derrota do Bolsonaro é justamente a fidelidade dele ao projeto autoritário. É também o que o torna mais perigoso, porque foi alguém que não abriu mão em nenhum momento do seu projeto…Se a gente considerar isso, vamos considerar todas as outras consequências desse fidelidade ao projeto autoritário, que é a misoginia, o ataque às populações indígenas, às pessoas negras, ao meio ambiente, qualquer regulação civilizada da vida social, consequência desse projeto autoritário. Isso fez com que a rejeição dele aumentasse muito”. 

Para ser confiável, um trabalho que pretende apontar as causas de derrota de um candidato deve considerar as causas da vitória de seu adversário. Maria Carolina e Maurício Moura ficaram nos devendo isso e mais: o que fez com que 58.206.354 pessoas votassem no Bolsonaro, mesmo diante das fragilidades que os autores e seus convidados apontam no livro? 

Publicado em

DOIS HOMENS BRILHANTES NUM MUNDO DE IDIOTAS

Aproveitei o feriadão da Páscoa para ler “Invasão Vertical dos Bárbaros”, de Mário Ferreira dos Santos, filósofo, que nasceu no Brasil em 1907 e faleceu com 61 anos de idade. O livro, publicado no início dos anos 60, é uma assustadora radiografia da sociedade moderna. Mário Ferreira dos Santos mostra a decadência cultural em todos os campos das atividades humanas. 

Escreveu Mário Ferreira dos Santos: 

“Uma das mais atuais providências dos bárbaros consiste em lutar contra a inteligência, inclusive usando a própria inteligência, por julgá-la como o mais legítimo sinal do civilizado, do homem culto… Com essa frase, Mário Ferreira dos Santos abriu o livro “Invasão Vertical dos Bárbaros”, um manifesto, segundo Luiz Felipe Pondé, que apresenta a obra ao público…“ no limite, um manifesto sobre como hoje se dá a tragédia da condição humana esmagada pela bota da superficialidade…” 

“Na verdade, a invasão gradual e ampla dos bárbaros não só se processa horizontalmente pela penetração no território civilizado, mas também verticalmente, que é a que penetra pela cultura, solapando seus fundamentos e preparando o caminho à corrupção mais fácil do ciclo cultural, como aconteceu no fim do Império Romano, e como começa acontecer agora entre nós”. 

Surpreendente não é a mensagem, mas o tempo em que ela foi escrita. Eu, hoje com 71 anos de idade, estava com seis ou sete quando a obra foi colocada à venda. Antes de ler Mário Ferreira dos Santos, li “ A Civilização do Espetáculo, obra bem mais recente, de Mário Vargas Llosa, que faleceu há poucos dias com 89 anos. O livro dele, publicado em 2012, diz, exatamente, o que Mário Ferreira dos Santos escreveu 60 anos antes.  

Escreveu Mário Vargas Llosa: 

“Agora somos todos cultos de alguma maneira, embora nunca tenhamos lido um livro, nem visitado uma exposição de pintura, assistido a um concerto, adquirido algumas noções básicas dos conhecimentos humanísticos, científicos e tecnológicos do mundo em que vivemos,” 

Mário Ferreira dos Santos escreveu: “A voz da liberdade culta não encontra ouvidos para ouvi-la, nem mentes suficientes para entendê-la… A liberdade, que despontava como uma grata esperança, torna-se uma amarga desilusão… O criminoso, que revela habilidade, é exaltado como inteligente, e a astúcia é apresentada como virtude. A audácia desenfreada é índice de heroicidade…Sexualismo, semi delinquência, afrontas à moral, vida irregular são acentuadas com requintes publicitários”

Vale ler as duas obras, mas com o cuidado de não se deixar deprimir. Ocorre que se a depressão chegar, é possível que ela seja a prova incontestável de que você não está, ainda, entre os idiotas presentes no mundo real dos brilhantes Mários. Quem sabe? Há momentos em que eu acredito que a humanidade apodreceu e, por isso, a política exala mau-cheiro. 

Fiquei surpreso ao ler “Invasão Vertical dos Bárbaros”, porque acreditei já ter vivido tempos de menor mediocridade. Eu estava certo? Você que me lê pode me dizer se sim ou se não. 

Publicado em

SINAL TROCADO

Troque-se o sinal da declaração que virá a seguir e, inclua-se parte do poema de Castro Alves, e teremos uma ideia perfeita de como anda o Brasil. 

“Todo mundo que era contra a ditadura era comunista. Todos se tornaram suspeitos, subversivos em potencial. O comunista estava na fronteira, atrás da porta, na sombra, na igreja, na escola, no cinema, no teatro, na música, no Exército, o comunista vendia pipoca, estava disfarçado em balés, óperas, podia ser seu vizinho, podia estar debaixo da sua cama, poluir o reservatório de água, dopar os bebedouros. Os comunistas tomariam o poder. Até os não comunistas eram comunistas disfarçados, foram doutrinados, sofreram lavagem cerebral.” Adiante, o autor comenta o AI-5: “Usa a ameaça à democracia como argumento para endurecer o regime, uma aberração jurídica, incongruência em que todo regime autoritário se baseia (para defender a liberdade, precisamos acabar com ela)”. Esse é um dos depoimentos do Marcelo Rubens Paiva no livro “Ainda estou aqui”. 

No país, atualmente, há gente com o adereço de agente subversivo contra a democracia, golpista, fascista e mentirosa, processada e condenada em nome da defesa da democracia. Neste contexto, vale tomar por empréstimo abusivo uma das passagens do poema Navio Negreiro de Castro Alves, para fazer referência à história do Brasil: “Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura…se é verdade. Tanto horror perante os céus.”  

Publicado em

“AINDA ESTOU AQUI”

Nesse tempo em que a covardia contra o deputado federal Rubens Paiva volta a ser assunto, eu decidi transcrever o que declarou o jornalista Sebastião Nery sobre ele. O artigo está no livro “Ninguém me Contou. Eu vi – De Getúlio a Dilma”. Transcrevo para ter a honra de tê-lo nesse meu espaço. Mas, antes de transcrevê-lo, afirmo que a leitura do livro de Marcelo Rubens Paiva, em especial, dos capítulos onde ele conta a prisão do pai, é difícil. Dói. Quando conheço histórias assim, reafirmo a minha convicção de existência do inferno, pois só a morte de torturadores e de seus chefes não é pena suficiente para as dores que eles causam. O céu nem precisa existir. Para mim, basta que o inferno mantenha os cruéis por toda a eternidade. 

Bem, vamos ao texto do jornalista Sebastião Nery. Ele faleceu em setembro do ano passado, com 92 anos de idade. Eu o conheci mais de perto, quando ele foi candidato a Vice-Prefeito do Rio de Janeiro na chapa encabeçada pelo Rubem Medina, em 1985. 

“Era 20 de janeiro de 1971, feriado, dia de São Sebastião, padroeiro do Rio e meu. Antes das 10 da manhã, a caminho da praia, parei o carro em frente à casa do ex-deputado do PTB paulista, cassado, Rubens Paiva, na Avenida Delfim Moreira, Leblon, Rio. Minha filha, colega da filha dele, desceu para pegar a amiga. Mandei um recado: 

  • Diga ao Rubens que não entramos porque estamos todos com roupa de praia. Quando voltarmos, passaremos aqui para dar-lhe um abraço. Ela subiu, demorou um pouco, desceu com a Malu e me perguntou: 
  • Você brigou com o tio Rubens? Ele estava no quarto, calçando o sapato, com três homens de paletó e gravata. Dei o recado e ele disse: “Foi melhor assim”. 

Fiquei calado, para não assustar as meninas. Mas vi quatro suspeitas Kombis brancas em torno da casa, com várias pessoas dentro, olhando estranhamente para nós. Quando chegamos à praia, disse à minha mulher: 

  • Estão prendendo o Rubens. Aquelas Kombis estão sem placas. 
  • Devem ser amigos ou gerentes da fazenda dele em São Paulo. 

Não fiquei tranquilo. Apressamos o banho de mar e na volta já ninguém chegava mais perto da casa cercada, com a avenida fechada. Parei mais adiante e o porteiro de um prédio próximo me contou: 

  • É a aeronáutica prendendo um cara daquela casa. 

Voltei rápido e aflito. Era preciso espalhar urgente a notícia. Mal entramos em casa, ali perto, na Marquês de São Vicente, toca o telefone: 

  • Minha filha está com vocês? 
  • Está sim. O que aconteceu? 
  • Cuidem dela. E desligou. Era Eunice, mulher do Rubens que seria presa a seguir. 

Peguei o carro, fui correndo à casa do José Aparecido, na Aires Saldanha, em Copacabana. Na véspera, havíamos jantado lá com o Rubens. Entre outros, lá estava o Bocaiúva Cunha, também cassado e sócio do Rubens numa empresa de engenharia. Na saída do jantar, o Rubens pegou um cartão (Rubens Paiva, engenheiro civil), escreveu dois números de telefone ( 223-1512 e 227-5362), me entregou (guardo até hoje): 

  • Você anda sumido, acompanho-o pela Tribuna e pelo Politika . Vamos conversar. 
  • Passe lá amanhã para um uísque. É dia de seu padroeiro. 

Eu o conhecia desde 1953. Ele, presidente do Centro Acadêmico Horácio Leme, da Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie, em São Paulo, depois vice-presidente da União Estadual dos Estudantes, e eu dirigente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia de Minas. 

Em 1962, nos elegemos, ele deputado federal por São Paulo, eu estadual pela Bahia. E nos encontrávamos nas lutas do governo Jango. Ele foi diretor do Jornal de Debates e cassado na primeira lista do golpe militar de 1964, por ter feito parte da CPI do IBAD, que denunciou inclusive o farsante Lincoln Gordon, embaixador dos Estados Unidos no Brasil. Em 1965, Rubens assumiu a direção do Última Hora de São Paulo, onde eu vivi um ano clandestino e trabalhei escrevendo anonimamente. 

Foi uma noite desesperadora. Com Aparecido, tomando todos os cuidados, fomos à casa de Bocaiúva, na Delfim Moreira e também na de Waldir Pires, na Ruy Barbosa. Ninguém devia falar ao telefone naqueles sinistros anos do governo Médici. Mas, era preciso avisar aos amigos, sobretudo de São Paulo e Brasília, fazer um cerco antes do pior. 

Não adiantou. No dia 21, soubemos que fora levado para o notório brigadeiro Burnier, da aeronáutica, e de lá entregue ao DOI-CODI do exército, na Barão de Mesquita. 

Já no dia 23 a certeza de que tinha sido assassinado. O jornal O DIA, do Chagas Freitas, em manchete fraudada, com a foto de um carro queimado, dizia que “o carro que o transportava do comando da 3a Zona Aérea da Aeronáutica para o DOI-CODI do exército tinha sido interceptado por desconhecidos, que o teriam sequestrado”. 

Eunice Paiva, presa com uma filha e incomunicável durante quinze dias, quando saiu lutou como uma leoa. Com o líder do MDB na Câmara Oscar Pedroso Horta, denunciou ao Conselho de Defesa da Pessoa Humana, que o arquivou por ordem de seu presidente, o tal Alfredo Buzaid, que disse que Paiva estava foragido. O bravo Pedro Horta, líder do MDB, escalou os deputados Marcos Freire e Francisco Pinto para denunciarem o fato na Câmara. 

A “grande imprensa” não disse nada. Só a Tribuna da Imprensa e o nosso Politika desafiaram a censura e furaram o tumor. Desde então, todo ano, no dia 20 de janeiro, relembro o crime. Em 2012, a Globo News, em um belo trabalho da Miriam Leitão, pôs no assunto pela primeira vez na TV. 

Mas o mais completo documento sobre o assassinato de Rubens Paiva pela aeronáutica e pelo exército é o livro do jornalista Jason Tércio – Segredo de Estado – o desaparecimento de Rubens Paiva (Ed. Objetiva). Está tudo lá. 

Os histéricos apavorados que assinaram manifestos contra a “Comissão da Verdade” sabem que um dia a Hora da Verdade chegará”. 

Publicado em

MANUAL PARA O BOM ELEITOR! 

Perceba que nem bem saímos da campanha eleitoral de 2024 e já há quem se movimente para as campanhas de 26. Diante disso, indico aos interessados, o livro do professor Carlo Cipolla, um sábio, falecido no ano de 2000. Ele escreveu “As leis fundamentais da estupidez humana”, onde apontou as personalidades possíveis de dois personagens, Tom e Dick. Com base na lista de Cipolla, se tem um manual para eleições. Confiram:

Se Tom empreende uma ação para obter uma vantagem e produz uma vantagem também para Dick, Tom é uma pessoa inteligente. Então, se você quer eleger alguém inteligente, busque um candidato que, ao produzir uma vantagem para ele, estará produzindo outra para você. 

Mas se Tom é um cara que, ao fazer algo que lhe dá vantagem, provocará uma perda para Dick, Tom é um bandido e, portanto, se você precisar de um bandido na política, escolha um candidato semelhante ao Tom que, ao ter a vantagem de vencer a eleição, provoque algumas perdas para você. 

Ora, mas se Tom, ao agir, perde alguma coisa, mas produz ganhos para Dick, Tom é um político vulnerável. Se você acredita que uma pessoa vulnerável pode exercer o mandato em seu nome, fique à vontade. 

Por fim, se Tom age e, ao agir, provoca perdas para Dick e para ele mesmo, aí teremos o Tom estúpido. Neste caso, Tom estará mais para eleitor do que para candidato.