Hoje, 08 de janeiro de 2025, completam-se dois anos da ocorrência da invasão das sedes dos Três Poderes da República pela multidão de eleitores de Jair Bolsonaro, estimulada pelas suspeitas de fraudes na eleição; A turma queria uma intervenção do Exército no processo político.
Jair Bolsonaro estava nos Estados Unidos. Em silêncio, ele aceitava os convites de brasileiros para fotos, que chegavam, imediatamente, nas redes. Para lá ele seguiu ainda como Presidente da República e de lá assistiu a baderna e as consequências dela. Ele não disse uma palavra.
Em 1964, o povo brasileiro foi às ruas impulsionado pelo mesmo desejo: uma intervenção militar no processo político. O Exército atendeu ao chamado e implantou no Brasil uma ditadura, que suspendeu as eleições diretas para Presidente da República, para governadores e prefeitos de várias cidades. Manteve o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal em funcionamento, mas humilhados. Completamente subordinados ao poder da farda. Mandatos foram cassados, Ministros do Supremo aposentados compulsoriamente e o número deles ampliado para permitir que os ditadores tivessem liberdade para agir contra os opositores.
O povo levou quase uma geração para reconquistar suas prerrogativas, com um trabalho árduo, com dores, “suor e lágrimas”. No Congresso e na imprensa algumas vozes se levantaram contra a ditadura, mas ficaram pelo caminho. Outras vozes, no entanto, souberam dosar o discurso e as atitudes, para deixar que a ditadura caísse pela força do próprio peso. Rubem Medina estava nesse grupo. Ele soube suportar as pancadas pela decisão de não radicalizar. Esteve preso na entrada do AI-5 e, naquele momento, entendeu que só com paciência e estratégia a ditadura seria vencida.
Rubem Medina participou do processo de reconquista da democracia, não como mero expectador, mas como um agente político ativo. Rubem Medina agiu com talento e esse talento está exposto por ele e contado por mim, no livro, “Isso de política, meu caro…”.
Por aqui, neste momento, a democracia está em risco sim e sempre esteve no mundo todo, todo o tempo, porque ela é uma das coisas que, quando se tem, não se valoriza. É algo como a vida que, enquanto saudável e bela, não é percebida com o exato valor que tem. Por aqui, a democracia precisa ser aprimorada até o ponto em que não se corra mais o risco de perdê-la. Ocorre que não criaram sucessores de lideranças com o perfil de Rubem Medina, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães e Mário Covas.