Meu pai nasceu numa cidade de Pernambuco que eu só conheci aos 14 anos de idade: Gravatá. Lá, um irmão dele, Luiz, segundo nome que carrego, me contou a história de um homem morador num sítio, para ilustrar a vida de um vagabundo aproveitador.
Disse ele que o homem e a família receberam a visita de um parente de segundo grau, que ficaria alguns dias. O cara chegou e foi ficando, ficando, ficando. O sujeito comia muito.
Para se livrar da visita, o dono da casa resolveu dizer que a comida estava acabando e ele não tinha como fazer compras. Logo, logo, o visitante começou a anunciar a saída, mas foi ficando. Até que numa noite, na hora do jantar, nada se serviu. O cara, então, agradeceu muito a atenção, arrumou as malas e prometeu que no dia seguinte sairia bem cedo.
O sol raiou. O galo cantou e o sujeito chegou à cozinha. “Que galo é esse?”. É nosso, respondeu o anfitrião. “Então, é possível que tenhamos almoço, não?” E ficou mais um dia.
Quando olho as campanhas eleitorais pelo Brasil afora e vejo que os liberais não encontram espaço para o discurso e vitórias, me lembro da história contada pelo meu pai, para concluir que o Estado Brasileiro ainda tem um galo para assar.
O povo, por ignorância ou falta de juízo, insiste em aplaudir aqueles que lhe oferece favores financiados por ele próprio, o povo, com os impostos que paga.
As promessas não apresentam custos. Tudo é possível, do dar a comida a fornecer a creche e obras. Mas, quem pagará a conta? Sabe-se que o Estado Brasileiro já dá sinais de falências dos órgãos, mas os malditos políticos não liberais continuam a prometer e, pior, a tentar fazer o que lhes dá na cabeça com o dinheiro do povo.
A cidade do Rio de Janeiro quebrou, quando arrancaram dos contribuintes o dinheiro para fazer as Olimpíadas, enquanto os hospitais, as escolas, a segurança pública e todo o resto das obrigações da prefeitura ficaram para trás.
Durante a semana, eu assisti a um debate entre alguns candidatos à prefeitura do Rio. O tema foi “favela sustentável”, onde se falou sobre energia solar, cuidados com o lixo e outras sandices mais, para lugares onde a prefeitura não entra sem autorização do crime. Esse é o grande problema das políticas públicas no Brasil: imagina-se que há governo grátis. Não há. E como o governo não é grátis, nem barato, que tal se ele fosse menor?
Quem sabe quando não existir mais um galo para colocar na panela, os eleitores escolham os liberais?
*Artigo publicado no Boletim da Liberdade.
Por Jackson Vasconcelos