Jackson Vasconcelos. Rio, 04 de novembro de 2024
Se eu pudesse; se eu tivesse como, pararia de pagar impostos imediatamente após a reunião do Presidente da República com os governadores, fato ocorrido na semana passada. Naquele momento, o Estado brasileiro declarou-se impotente para cumprir a única atividade para a qual foi criado: garantir a minha segurança. Hobbes sobrou em sabedoria quando me garantiu que essa deveria ser a única função do Leviatã, quando ele foi criado. Fio-me em Hobbes, não só pelas credenciais intelectuais dele, mas porque faz todo o sentido quando ouço dele, que o Estado surgiu do medo do império do poder do mais forte. Então, todos cedemos poder para um ente – os agentes do Estado – para que eles, em nosso lugar usem a força para garantir a nossa segurança.
A reunião dos governadores com o Presidente da República e com um ministro do Supremo Tribunal Federal, dois organismos do Estado que, no presente, se complementam, foi patética. O Ministro da Segurança Pública e Justiça apresentou uma proposta de Emenda Constitucional, para uma Constituição que tem mais remendos do que texto original. A proposta do ministro é simples: a União quer tirar poder dos governadores, que reclamam mais poderes para si mesmos. E sabe-se à larga que toda vez que um agente do Estados pede mais poder, ele quer, na verdade, mais dinheiro.
Santa Edwiges! Eu entrego ao Estado Brasileiro quase metade de tudo o que ganho com o meu trabalho e abro mão do direito de usar a força em minha defesa para ter segurança e sou submetido a uma sessão em que os agentes do Estado dizem pra mim, que se eu não entregar-lhes mais dinheiro e mais poder, não terei segurança. Fazem isso, sem me explicarem o que andam a fazer com o dinheiro que já recebem e com o poder que me tomam.
O que me resta fazer? Exercer com mais diligência e inteligência o poder que me resta: o de substituir os agentes do Estado por outros que, sendo meus iguais, compreendam que não dá mais para seguir como estamos indo. Que tal?