As imagens vindas da Avenida Paulista, em São Paulo, mostraram uma multidão presente nas ruas a pedir anistia para quem cometeu ou, simplesmente, pareceu ter cometido crimes em Brasília no dia 8 de janeiro de 2023. Está claro que voltamos algumas casas na História recente do Brasil. Em 1964, houve um golpe de Estado e uma consequente ditadura. Para livrarem-se dos ditadores, uns cometeram crimes; para mantê-las, outros também cometeram crimes. De um lado, houve prisões, torturas, banimentos e mortes. Do outro, sequestros, bombas e também mortes. Para que fosse possível voltar à normalidade, um dos lados perdoou-se a si mesmo e aos inimigos. A esse ato deu-se o nome de anistia. Passado algum tempo, um dos lados quis a revanche e tentou obtê-la com a chancela de Comissão da Verdade. Não vingou!
Tivemos eleições. Lula estava preso. Jair Bolsonaro venceu. Tivemos eleições novamente, Lula foi solto e venceu Bolsonaro. Teremos, novamente, eleições para a Presidência da República e para o Congresso Nacional no próximo ano. Bolsonaro está inelegível. Estará preso?
Está claro que, a persistirem os mesmos personagens, ainda que colocados no cenário com sinais invertidos – os que são governo hoje, na oposição amanhã e os que são oposição hoje, no governo amanhã, o espírito de revanche permanecerá. Quem será capaz de colocar um fim nisso? Difícil será encerrar o ciclo de revanches se um dos lados prevalecer. Seja Lula, seja Bolsonaro. Precisamos de um pacificador. Faz tanto tempo que estamos a rodar, que já somos um povo com sinais de tontura; de desequilíbrio.